Seis meses depois de iniciar conversão das lojas compradas do grupo holandês para o formato Atacadão, primeiros resultados começam a aparecer
Por André Ítalo Rocha
Segundo a empresa, as lojas que eram do Makro deixaram de contribuir negativamente para o balanço do Carrefour no mês passado. A partir de julho, o efeito começa a ser positivo.
“Quando você abre uma loja, tem os custos de abertura, de recrutamento, de treinamento, de estocagem”, disse o CEO do Atacadão, Roberto Müssnich, em teleconferência com analistas, na tarde desta quarta-feira, dia 28 de julho.
De agora em diante, ele acredita que as vendas contarão ainda com os ventos a favor da reabertura da economia, uma vez que os restaurantes são grandes consumidores do Atacadão. “Estamos mais otimistas com a demanda e com as margens futuras.”
O vice-presidente do Atacadão, Marco Oliveira, ressaltou também que unidades convertidas do Makro devem se beneficiar da sazonalidade mais favorável do segundo semestre, quando historicamente as vendas se aquecem. “Este mês já é positivo e os próximos meses também serão”, afirmou Oliveira.
No segundo trimestre deste ano, as despesas do Carrefour somaram R$ 2,2 bilhões, aumento de 11,7% em relação a igual período do ano passado. Ainda assim, a companhia diz que elas se mantiveram em um percentual praticamente estável em relação as vendas líquidas, em 12,7%. “Isso foi alcançado apesar dos custos de ramp-up e pré-inauguração relacionados às lojas Makro”, diz a companhia, no balanço.
A conversão das lojas do Makro para Atacadão levou seis meses para ser concluída. Inicialmente, a previsão era de 12 meses a 15 meses. Com isso, o Carrefour informou no fim de junho que estava mais otimista com as previsões de receita no longo prazo com as unidades.
Hoje, o grupo espera que as 28 lojas alcancem uma receita bruta de R$ 5,4 bilhões nos próximos quatro anos, uma expansão de 100% no período. A estimativa anterior apontava crescimento de 60%.
Com as lojas do Makro, o Atacadão conta agora com 234 lojas espalhadas pelo País e deve inaugurar mais 14 unidades até o fim do ano. Todo o grupo, que inclui as bandeiras Carrefour Hipermercado, Carrefour Bairro, Carrefour Express, Carrefour Drogaria, Carrefour Posto, Atacadão e Supeco, soma 753 lojas.
Enquanto começa a colher os frutos da aquisição das lojas do Makro, o Carrefour Brasil aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a compra do Grupo Big, em uma transação de R$ 7,5 bilhões anunciada em março deste ano.
O Carrefour avalia ainda como será a sinergia das duas empresas, mas acredita que a experiência de integração do Makro será importante. “O Big tem uma característica um pouco diferente”, afirmou Müssnich. “As lojas do Makro estavam fechadas, enquanto, para as lojas do Big, nós vamos trocar o pneu do carro andando. É mais fácil do ponto de vista de integração.”
Resultados
No segundo trimestre deste ano, o Carrefour Brasil registrou lucro líquido de R$ 592 milhões, queda de 16,8% em relação a igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), por sua vez, alcançou R$ 1,37 bilhão, recuo de 3,6% no mesmo tipo de comparação.
Já a receita operacional líquida teve alta de 11,5% no segundo trimestre, para R$ 18,72 bilhões. As vendas consolidadas, que excluem gasolina, cresceram 9,4%, para R$ 19,5 bilhões no intervalo entre abril e junho.
As ações da empresa na B3 operavam em queda de 1,46% por volta das 16h30, a R$ 19,51. O Carrefour Brasil é avaliado em R$ 39,3 bilhões.
Fonte: Neofeed