Qual seu maior maior desafio ou foco de atenção nestes tempos?
É lógico que temos um desafio em relação à retomada da economia, que a atividade do varejo volte com velocidade. Mas acredito que o principal foco é em fortalecer o que eu tenho dentro de casa [da empresa]. A Chilli Beans sempre teve um cuidado muito grande com pessoas. Elas são muito bem cuidadas e valorizadas na empresa. Nossa política tem respeito às pessoas, respeito à diversidade – por isso, acredito que o momento é de fortalecer nossos pilares. E acredito que estamos onde estamos graças ás pessoas.
Como o RH o ajuda nesse processo?
Ele é absolutamente essencial. O RH, a maneira como contratamos, como cuidamos das pessoas faz a diferença. Vou dar um exemplo: no meu showroom, contamos com 450 pessoas trabalhando, no total, somos seis mil pessoas envolvidas no negócio inteiro. Sabe qual é a média de tempo de casa? Seis, sete anos. No meu conselho da Chilli Beans e no grupo de diretores e gerentes, a média vai para nove anos. Um colaborador não fica mais do que dois ou três anos em uma empresa se ele não tiver um ambiente gostoso, se ele não prosperar, progredir. Esse é um dos melhores termômetros que posso dar [de como o RH ajuda].
Ou seja, a área contribui para a empresa ter as pessoas certas nos lugares certos, motivadas, engajadas…
Pessoas certas que estejam sendo engajadas e envolvidas e isso gera uma performance muito maior. E obviamente com um trabalho de RH muito bem feito, uma contratação muito bem conduzida. O RH interfere diretamente aí.
Daqui para a frente, como deve ser o RH?
Nas empresas que entenderam a mensagem que Deus está nos dando quanto à relação entre as pessoas, o respeito entre elas, a valorização do ser humano, o RH vai voar e vai ter cada vez mais importância. Mas não acredito que todo mundo vai aprender essa lição. Depois de toda esta loucura que estamos vivendo, a relação entre o ser humano, entre profissionais, vai estar mais fortalecida. Portanto, os RHs vão ser mais ainda valorizados do que já são.
E como é Caito, gestor de pessoas?
Estou sofrendo demais. Por mais que eu tenha uma reunião (a distância) atrás da outra, eu gosto é de olho no olho, de abraçar, de ver a reação das pessoas, gosto de colocar o time toda na minha sala para construirmos juntos. Tenho uma relação muito forte com minha equipe. É uma relação que temos, desde o meu diretor até meu vendedor. Sinto muita falta das pessoas.
Como acha que vai ser o mundo depois destes tempos?
Muitas pessoas têm sifo imediatistas, emergenciais, outras, alarmistas. Dizem que o varejo vai mudar, que tudo vai ser online. Não acredito. Vi algo sobre o varejo ter voltado ao normal na China, tendo até uma loja de grife famosa registrado um recorde de vendas da história em apenas três dias, pois havia uma demanda reprimida absurda… Creio que essa experiência vai ser mais fortalecida, a experiência física, de loja. E ela vai acontecer. Mas o que vai fazer a diferença, pelo aspecto positivo e negativo, será como você vai atender o cliente, qual vai ser a relação que você vai ter com ele. Se você tiver apenas uma relação comercial, sem se preocupar com esse cliente, você sairá perdendo. Acredito que os canais de venda vão oscilar, mas o físico vai continuar muito forte. O que vai ser mais fortalecido é a relação entre o ser humano, em como a empresa trata o cliente, em como o vendedor trata o consumidor, o gerente, em como o gerente trata o vendedor. Vai ser dada muito mais importância ao cuidado e à gentileza com o consumidor do que se dava antes. A maior mudança no mindset vai ser essa.
E isso ressalta ainda mais o papel do RH em identificar e preparar esses profissionais para esse novo cenário.
Exatamente. Na verdade, só estamos falando sobre o reforço do papel de uma área, que vai ter cada vez mais importância. Porque quem souber lidar melhor com as pessoas, se posicionar com elas, quem souber como extrair o melhor delas e respeitar o que elas mais querem serão as empresas que vão liderar o mercado. Novamente, falamos de gente.
E como você está mantendo a mente e o corpo sãos?
A primeira semana de quarentena foi uma das experiências mais tensas que passei na minha vida por causa do desespero, do não saber o que vai acontecer. Mas o que fizemos? Rapidamente refizemos nosso plano financeiro, sendo bastante conservador, deixando o fluxo de caixa da empresa salvo. Isso me trouxe tranquilidade para ter mais criatividade para criar. Além disso, algumas coisas que sempre fiz ganharam mais força, como malhar. E medito também, de manhã e à tarde. Tenho trabalhado fortemente o aspecto físico, o mental… Agora, estou lidando bem com a situação e não posso mentir que a saudade de olhar as pessoas, de trocar energia, está cada vez maior.
Acredita que este momento é uma chance de colocarmos o Universo em harmonia?
Não há dúvida quanto a isso. Fomos forçados a viver esta situação. Ninguém nos perguntou antes se queríamos. Para mim, um dos maiores benefícios desta loucura vai ser a necessidade de exercitar a mente, o físico. E isso vai ajudar o planeta a melhorar, a salvá-lo. Porque se não tivéssemos tomado este tranco, o planeta não aguentaria. Essa parada vai fazer o ser humano ser melhor, mais evoluído, mais espiritualizado. Isso é o que o Universo precisa. (Gumae Carvalho)
Fonte: Revista Melhor