Por Silvia Rosa | Com aumento de 30% da geração de caixa, que somou R$ 341 milhões no terceiro trimestre, a C&A quer ampliar os investimentos na reforma de lojas e prevê a abertura de novos pontos de venda, vendo um potencial para adicionar, no mínimo, mais 100 lojas na base que já conta com 330 unidades.
“A empresa ainda não definiu quantos pontos de vendas serão abertos em 2025, que deve fazer parte da discussão do conselho no início de dezembro, mas estamos olhando a abertura de lojas em cidades com população de no mínimo 150 mil habitantes”, disse Paulo Correa, CEO da C&A, ao Pipeline.
A estratégia é parte do plano de reposicionamento da marca, que passa desde a busca por maior assertividade nas coleções à personalização das lojas de acordo com a região que está inserida.
A C&A reformou três lojas no último trimestre para transformação nas chamadas unidades high e conceito, que são voltadas para um público de maior poder aquisitivo. A empresa prevê entregar mais quatro reformas de lojas no quarto trimestre. É uma ampliação de público, não uma mudança, garante o CEO. “A C&A é mega inclusiva e queremos continuar a ter a pegada democrática”, disse Correa.
O investimento em lojas high e conceito aliado a uma política de precificação dinâmica dos produtos contribuíram para o aumento de 16,7% da receita líquida, que somou R$ 1,8 bilhão, puxada pelo crescimento do segmento de vestuários, que avançou 18,6%. A margem Ebitda também cresceu 9,4 pontos percentuais para 17,6%.
A empresa também tem investido nos canais de e-commerce dentro da estratégia de venda omnichannel. “As vendas fechadas no site representam em torno de 6% do faturamento da C&A, mas a maioria das vendas se inicia no aplicativo”, disse Correa.
As concessões de crédito via C&A Pay também contribuíram para alavancar as vendas e teve resultado positivo de R$ 17,8 milhões , alcançando uma participação de 25,3% nas vendas, três pontos percentuais a mais do que um ano antes. A meta da empresa é C&A Pay alcance 35% das vendas, disse Laurence Gomes, CFO da C&A durante conferência com analistas.
Embora a concessão de novos cartões tinha se reduzido em 16,9% em relação ao mesmo período do ano passado, Correa vê um crescimento da carteira de crédito mesmo com um cenário de juros mais altos, com potencial para crescer as vendas para a mesma base de clientes.
“O nosso modelo de concessão está mais duro e estamos sempre revisando e ajustando isso, mas a gente tem a expectativa de continuar o crescimento da carteira e vemos uma saída menor de clientes”, disse Correa.
“Entendemos que isso, aliado a uma melhor qualidade das novas safras, resultado do foco maior em recorrência e não originação, permitiu uma redução de 33,2% na linha de PDD em relação ao mesmo período do ano passado”, disse a Genial Investimentos em relatório.
No caso da C&A Pay a empresa financia as operações através de um Fidc próprio, em que a C&A possui 100% das cotas. “Não é um instrumento de financiamento, queremos primeiro construir um histórico de performance para ter a opção se financiar no mercado, mas como nossa geração de caixa está forte, nesse momento não é uma estratégia relevante para nós”, disse Correa. A taxa da inadimplência acima de 90 dias da carteira ficou em 19,7% , abaixo dos 22,9% do mesmo período do ano passado.
Correa não vê um impacto no curto prazo da entrada de novos varejistas no Brasil, como a H&M que deve inaugurar as operações no ano que vem, destacando que ainda vai levar um tempo para os correntes terem operação relevante no Brasil e entender a dinâmica da cadeia produtiva do país. “Se for importar tudo , há custos que são altos e traz dificuldade para competir com os players daqui”, disse Correa. “Mas entrada de players internacionais significa que eles que eles acreditam no potencial do varejo brasileiro e isso é positivo”, completou. O executivo acredita que a C&A pode se beneficiar do aumento do fluxo nos shoppings com a inauguração de lojas dos novos players
A C&A encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R4 42,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 44 milhões reportado no mesmo período do ano passado. O resultado veio três vezes superior ao consenso da Bloomberg. “Éramos o sell side mais otimista do consenso e, ainda assim, a companhia entregou um bottom line 50,6% acima de nossas estimativas”, disse Genial Investimentos em relatório.
Fonte: Valor Pipeline