Novas lojas, tecnologia e automatização do centro de distribuição foram os focos dos investimentos da varejista
Por Daniela Braun
O investimento da empresa na cadeia de suprimentos foi o que mais avançou no período
Novas lojas, tecnologia e automatização do centro de distribuição para e-commerce foram os focos dos investimentos da varejista C&A no primeiro trimestre. O total investido no período somou R$ 70,7 milhões, representando uma alta de 111% sobre igual período do ano passado.
Depois do investimento de R$ 27,1 milhões em novas lojas, 261,8% acima do valor investido no primeiro trimestre do ano passado, o segundo maior volume (R$ 25,5 milhões) foi destinado a iniciativas de digitalização e tecnologia, um montante 168,7% superior ao dedicado pela empresa para esta área um ano antes.
“A gente continua abrindo lojas e trabalhando a modernização da cadeia de suprimentos”, disse Paulo Correa, CEO da C&A Brasil, em conferência com analistas nesta sexta-feira.
O investimento da C&A na cadeia de suprimentos foi o que mais avançou no período, somando R$ 14,3 milhões nos primeiros três meses do ano, 581,4% acima do investimento feito no primeiro trimestre de 2020.
Além de investir na expansão das vendas digitais, a C&A trabalha para finalizar a automação de seu centro de distribuição para e-commerce, localizado em Cotia (SP), no segundo trimestre. “A automatização do centro de distribuição gerou uma redução do tempo de entrega médio para 3,3 dias no primeiro trimestre, sendo 44% das entregas feitas em até dois dias no país”, disse Correa.
Segundo Correa, o projeto já está em testes em uma parte da operação. “A movimentação do estoque por meio de robôs tem capacidade de processar mais de 50 mil peças por dia”, disse o CEO da varejista. O aporte a empresa em tecnologia incluiu um aumento de 80% da equipe de profissionais especializados, que hoje é composto por 530 colaboradores.
Retomada das vendas nas lojas físicas
Após um primeiro trimestre impactado pelo fechamento de lojas físicas na segunda onda da pandemia da covid-19, a varejista C&A começa a ver a retomada das vendas com a reabertura do varejo em meados de abril. ”Notamos uma forte recuperação nas últimas quatro semanas”, disse Correa.
Segundo o executivo, o nível de conversão de vendas nas últimas quatro semanas foi o maior em toda a pandemia. “Esperamos um segundo trimestre de clara recuperação e que o processo de vacinação possa evitar novos picos pandêmicos.”1 de 1 Loja da C&A: empresa começa a ver retomada das vendas nas lojas físicas — Foto: Gustavo Azeredo/Agência O Globo
Correa disse estar otimista com a chegada do inverno e a redução das restrições sobre as lojas físicas. ”As margens estão no caminho de serem preservadas.”
Por outro lado, o executivo ponderou que a empresa não tem controle sobre o cenário da pandemia. “Uma eventual nova restrição de horários de abertura das lojas pode impactar as projeções”, afirmou. No primeiro trimestre, a média de horas operacionais disponíveis das lojas abertas ficou em 61%, sendo que a disponibilidade para março foi de 22,8%.
A empresa também informou que suas pesquisas com consumidoras no primeiro trimestre mostraram uma piora no sentimento das clientes com relação à pandemia, afetando a disposição para consumir. Entre 26 e 31 de março, o índice de consumidoras receosas quanto à pandemia era de 85%.
Os efeitos da segunda onda da pandemia se refletiram diretamente no balanço do primeiro trimestre, quando a C&A registrou prejuízo de R$ 138,5 milhões — mais do que o dobro das perdas de R$ 55,4 milhões apuradas no mesmo período de 2020. A receita líquida total de R$ 776,1 milhões no período foi 20,6% inferior ao mesmo intervalo do ano passado.
A receita líquida da categoria de vestuário, que tem a maior representatividade para os negócios da C&A, alcançou R$ 565,5 milhões no primeiro trimestre, 20,8% abaixo ao resultado de igual período de 2020.
No mesmo período, a receita líquida de eletroeletrônicos — celulares, relógios inteligentes e acessórios para eletroeletrônicos — somou R$ 142,9 milhões, queda de 25% sobre primeiro trimestre de 2020.
A empresa encerrou o período de janeiro a março com 297 lojas, sendo duas novas lojas inauguradas em São José dos Campos (SP) e em Foz do Iguaçu (PR). Desde então, a empresa abriu mais sete lojas até o início de maio, somando 304 lojas até o momento.
As vendas on-line ajudaram a segurar o balanço da empresa no período. A receita líquida pelos canais digitais cresceu 176,2%, para R$ 106,6 milhões no primeiro trimestre, alta de 176,2% no comparativo anual. Somente as vendas pelo WhatsApp crescem 47% no período.
O shopping virtual (marketplace) ganhou impulso na pandemia, especialmente a partir de junho do ano passado. De 10 vendedores parceiros no primeiro trimestre de 2020, a ‘Galeria C&A’ alcançou 338 vendedores até março, incluindo marcas como Ana Capri, Vivara, Levi´s e Multilaser.
Vendas em múltiplos canais (omnicanal) incluindo shopping virtual alcançaram um volume bruto de R$ 139,2 milhões em vendas totais (GMV, na sigla em inglês) – alta de 178,4% sobre o primeiro trimestre de 2020.
BBB eleva despesas operacionais
O patrocínio do reality show Big Brother Brasil, o BBB 21, foi o principal motivador da elevação das despesas operacionais de vendas da varejista C&A, que alcançaram R$ 448,4 milhões, no primeiro trimestre — 8,5% acima das despesas da área um ano antes.
Correa disse que o investimento “trouxe fluxo para lojas on-line e físicas, incluindo conversão de vendas.” A promoção do canal de vendas da C&A pelo WhatsApp, feita no dia 23 de março durante o reality show, gerou 85% mais atendimentos a clientes pelo aplicativo em relação à semana anterior, informou a empresa.
As despesas operacionais da C&A no primeiro trimestre somaram R$ 520,1 milhões, uma redução de 1,2% sobre igual período do ano passado. O balanço foi equilibrado pela redução de 28,6% nas despesas administrativas e com pessoal, que somaram R$ 78,1 milhões entre janeiro e março.
“A gestão de otimização de despesas se manteve muito firme no período, como sempre foi a característica do negócio”, disse Correa.
Fonte: Valor Econômico