A fabricante de cosméticos Avon terá um novo executivo para comandar a operação brasileira. Depois de pouco mais de seis anos à frente da principal subsidiária do grupo americano, o colombiano David Legher deixará a presidência. Segundo Jan Zijderveld, presidente global da empresa de vendas diretas, o sucessor já foi escolhido e será anunciado em breve. A Avon confirmou que o novo executivo é brasileiro. O Valor apurou que ele assumirá o cargo em setembro. É possível que Legher fique até dezembro para fazer a transição das funções.
O novo executivo terá uma árdua missão de reestruturar a filial. Apesar de seu pequeno exército de 1,5 milhão de vendedores, a subsidiária enfrenta queda na receita em alguns trimestres e encolhimento na base de consultores. “Conseguimos um excelente profissional para o negócio brasileiro, com um histórico comprovado para comandar a reviravolta no país”, afirmou Zijderveld em teleconferência a analistas ontem.
Ele assumiu a presidência da segunda maior empresa de vendas diretas do mundo, atrás da Amway, em fevereiro deste ano, após anos na divisão europeia da Unilever. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, a ampla experiência de Legher no setor não o sustentou no posto. Ele estava há 17 anos na companhia e já havia presidido as filiais da Colômbia, do Peru, Equador e norte da América Latina.
A vice-presidente de marketing no Brasil, Marise Barroso, também saiu há pouco mais de um mês. Outras trocas recentes aconteceram na Rússia, Europa Oriental e no Pacífico Asiático. De abril a junho de 2018, o Brasil voltou a ter impacto negativo nos resultados financeiros do grupo. A receita líquida global recuou 6%, em base anual, para US$ 1,26 bilhão, influenciada pelos 11 dias de greve dos caminhoneiros. O prejuízo líquido aos controladores recuou 21% no período, a US$ 36,1 milhões, com perda por ação acima do projetado pelos analistas. Na América Latina, a receita da companhia caiu 8% no período, ou 3% em dólar constante. A filial no país registrou declínio de 13% na receita ou 2% na receita em dólar constante. “O desempenho do Brasil foi um empecilho para os resultados do segundo trimestre”, afirmou o presidente global.
Devido à paralisação entre maio e junho, o Brasil perdeu um ciclo completo de campanha, além de 7% dos vendedores. Metade da retração na receita local pode ser atribuída ao colapso logístico, que no fim equivaleu a 1% das vendas totais da empresa no mundo, disse Zijderveld. A recuperação começou em junho, mas o reflexo virá apenas no terceiro trimestre. A pressão dos acionistas para que a Avon coloque a subsidiária nos trilhos é enorme. A digitalização das vendas está entre as prioridades e é algo em estágio avançado na principal concorrente, a Natura, que até o fim do ano prevê atingir 1 milhão de consultoras que migraram o processo de vendas tradicional para o tecnológico.
Há algum tempo a multinacional enfrenta dificuldades com o nível de serviço no país e busca alternativas para estimular os vendedores a aumentarem a produtividade. Recentemente, foi lançado um sistema para bonificá-los conforme o desempenho. Foram retomados treinamentos da força de vendas, principalmente para inseri-los no processo de digitalização
Fonte: Panorama Farmacêutico