O Mercado Livre expressou ceticismo sobre a capacidade do Brasil de embarcar no metaverso – o mundo virtual em que as pessoas poderão interagir que se tornou um buzz entre empresas e investidores
Por Ana Paula Ragazzi
“É legal falar de metaverso, mas tem o da Faria Lima e tem o do ‘Brasilzão’. São dois metaversos diferentes,” disse Stelleo Tolda, co-fundador do Mercado Livre, durante a CEO Conference do BTG Pactual. “O metaverso do ‘Brasilzão’ precisa de 5G. Quando é que o 5G vai chegar no interior do Piauí?”
O empresário deu o exemplo de que um device para acessar a realidade virtual custa US$ 2 mil nos EUA.
“Quando vai ser acessível para o metaverso do ‘Brasilzão’? Vamos com calma para falar disso, pois a nossa realidade vai além da ‘Faria Lima’, com todo o respeito,” disse Stelleo.
Como uma empresa de tecnologia, o Mercado Livre precisa estar atento às tendências, e por isso acompanha de perto o tema porque quando o metaverso estiver perto de ser massificado, a empresa vai precisar ter uma resposta, disse Stelleo, um dos executivos mais respeitados do setor de tecnologia.
“Talvez esse óculos de US$ 2 mil passe a custar US$ 100 daqui a alguns anos. E nesse valor, parcelado em 24 vezes, vai dar pro ‘Brasilzão’ comprar,” disse Stelleo.
O co-fundador do Mercado Livre disse ainda que, daqui a oito anos, mais de 50% da população mundial vai ser da Geração Z.
“Eu, que não sou dessa geração, posso dizer que esse troço de metaverso não tem nada a ver, não vou passar nem 10 minutos com esse óculos. Ao mesmo tempo, a Geração Z já está fazendo isso hoje. Temos que acompanhar como o mundo muda,” disse.
Já o mundo das criptomoedas é uma realidade no Mercado Livre, que oferece no MercadoPago a possibilidade de investir em criptos a partir de R$ 1.
“Temos visto o número de usuários crescer de forma vertiginosa,” disse Stelleo. Mas a empresa ainda não oferece o pagamento via cripto, que está sendo estudado. São moedas ainda muito voláteis para estabelecer valor de um bem.”
Sobre a concorrência no ecommerce brasileiro, Stelleo disse que o MELI não tem preocupações específicas com nenhum competidor.
“A América Latina e o Brasil têm uma condição interessante: são mercados já relevantes e que ainda crescem muito. É difícil ter essa combinação, acho que nenhuma outra região tem as duas coisas ao mesmo tempo,” disse.
Por conta disso, é natural que players asiáticos queiram vir para cá. Mas, agora, o que se tem visto são concorrentes entrando em segmentos que estavam pouco explorados, como o de baixa renda, com tíquetes baixos.
Os novos entrantes (Shein e Shopee) “estão investindo rios de dinheiro para tornar esse consumo viável, mas não [se sustenta] do ponto de vista econômico. A gente imagina alguma racionalização desses investimentos daqui para a frente.”
Fonte: Brazil Journal