A taxa cobrada pelos serviços é a mesma para todos os vendedores, desde o pequeno empreendedor até uma grande empresa
Por Nathalia Flach
A Amazon vai ampliar o escopo de vendedores que podem contratar os seus serviços de logística no Brasil. Até então, apenas empresas que se enquadravam no regime tributário do Simples Nacional podiam contar com o armazenamento e o envio de produtos, além do atendimento ao consumidor que a ‘big tech’ oferece no país. Mas agora até mesmo grandes varejistas vão poder recorrer ao serviço chamado de FBA.
“Assim, permitimos que vendedores que cresceram e se desenquadraram das regras permaneçam usando o serviço”, diz Ricardo Garrido, diretor da loja de vendedores parceiros da Amazon no país.
A nova estratégia — que será anunciada no Amazon Conecta (evento para quem já vende ou tem interesse em vender na plataforma) — acontece em um momento em que ela disputa fatia de mercado no varejo on-line, que vive baixa expansão no país. Pesquisa da NielsenIQ | Ebit, divulgada na semana passada pelo Valor, mostra que houve um aumento de 6% nas vendas entre janeiro e junho deste ano, ante 47% no mesmo intervalo de 2021.
Apesar desse cenário, há categorias, como alimentos, bebidas, perfumaria e saúde, que têm tido forte ritmo de crescimento. Não é à toa que o atacarejo venha ganhando espaço nos carrinhos do consumidor. De acordo com um levantamento da consultoria Dunnhumby, as lojas com maior frequência de compra foram Assaí (11%) e Atacadão (10%), seguidas pela Amazon (8%) e pelo Mercado Livre (8%).
Nesse contexto, a estratégia da Amazon de concorrer também como provedora de serviços faz sentido — até porque, em meio à alta de custos fixos, as varejistas podem ver na terceirização pontual uma saída mais barata para vender seus produtos.
Garrido diz que a taxa cobrada pelos serviços é a mesma para todos os vendedores, desde o pequeno empreendedor até uma grande empresa — o que é um bom incentivo para atrair as grandes varejistas.
No entanto, o executivo não revela se a nova demanda vai ser atendida pelos atuais 12 centros de distribuição e pela frota logística já existente no país ou se a Amazon pretende aumentar os investimentos por aqui. Se a resposta for a primeira, dá margem para interpretar que há ociosidade na capacidade instalada da plataforma no Brasil.
Perguntado se a concorrência preocupa, o executivo diz que a Amazon olha muito pouco o que os concorrentes fazem: prefere acompanhar a experiência do seller (vendedor) e dos consumidores finais. “Temos uma coleção de sucessos e insucessos em todo o mundo então podemos repetir aqui o que deu certo”, afirma.
Globalmente, 57% das vendas da Amazon em unidades vendidas vêm de vendedores parceiros e o restante, da própria plataforma. Ao todo, o marketplace tem 1,9 bilhão de vendedores cadastrados. “Ser omnichannel faz parte do planejamento. Por isso, acreditamos que devemos apoiar o sucesso em todos os canais.” E agora, os vendedores de todos os tamanhos.
Fonte: Valor Econômico