Osman Frazão, designer da F.A.G., marca autoral de bolsas pernambucanas, ficou surpreso quando recebeu uma proposta do Shopping Tacaruna para ocupar uma loja vaga do mall por um mês. Empolgado com a oportunidade, Frazão convidou as marcas Ramifica, de acessórios de decoração, a Baby Sills, de produtos artesanais de cama e mesa e o designer de calçados Fernando Viana para acompanhar a empreitada. Juntos, eles formaram a Makossa, loja coletiva temporária que está desde março no centro de compras. A cada mês, a depender do sucesso nas vendas, o contrato da Makossa com o Tacaruna é renovado. E a permanência por seis meses prova que o acordo vem dando certo.
Esse formato de contratação de lojas, com custos mais baixos e menos obrigações que as do contrato padrão de shoppings, cujo prazo é de 60 meses, está crescendo em Pernambuco e aponta uma adequação dos centros de compras à atual retração. Com uma taxa de vacância (relação entre o número de lojas vagas e o número total) de 5% a 20%, os novos contratos, mesmo que temporários, garantem receitas extras para os shoppings e ainda dinamizam o mix de serviços, o que ajuda a atrair e fidelizar clientes. Do ponto de vista dos lojistas, as temporárias são a oportunidade de expandir a marca e conquistar novo público. Hoje, já aderiram a esse modelo os shoppings Recife, Guararapes, Tacaruna, Plaza e RioMar.
Sandra Arruda, superintendente do Tacaruna, afirma que os contratos temporários já são fortemente utilizados nos centros de compras norte-americanos e trazem novidades para os malls. “Os shoppings precisam se atualizar e hoje o consumo é fast-fast, muito rápido, então precisamos estar sempre renovando nossas lojas e serviços. Também precisamos de alternativas para encontrar formatos que continuem agregando. Com os temporários, descobrimos novos negócios, mais artesanais e diferentes do mix tradicional”, reforça Ele ressalta, entretanto, que o modelo não deve tomar grandes proporções dentro dos shoppings locais.
A opinião é dividida com Hélio Azevedo, superintendente do Paço Alfândega. Para ele, se a ideia dos malls forem maquiar a vacância, esse contrato não é a melhor opção. “É uma prática arriscada que deve ter como regra a busca de novos lojistas. Quando temos contratos atípicos é porque acreditamos que determinadas lojas devem estar em nosso shopping, não é simplesmente para ocupar um espaço vago”, completa.
Ricardo Galdino, presidente da Associação de Lojistas de Shopping de Pernambuco (Alshop-PE), também vê com cautela os novos contratos. “Os lojistas precisam ter cuidado com os riscos e o investimento. Sempre vale a pena que eles busquem um advogado para dar uma olhada no contrato antes do fechamento. O temporário pode sair caro”, afirma. Entre as questões que, para Galdino, exigem atenção, estão a multa em caso de desistência antes do previsto, tempo mínimo de permanência e os custos de montar a loja.
No caso da Makossa, Osman Frazão garante que o contrato compensou. “O custo de montagem foi zero, porque estamos acostumados a trabalhar em feiras com estandes montados para dois dias, então conseguimos nos acomodar com um investimento pequeno e estamos tendo um bom retorno nas vendas e na divulgação do nosso trabalho.”