Tress Cabelos vende perucas sintéticas para mulheres de todo o país. Fundadora desistiu de loja física para se concentrar no mercado online
Como tornar um e-commerce de perucas voltado principalmente para mulheres afrodescendentes conhecido no Brasil todo? A estratégia da Tress Cabelos foi investir em marketing digital, combinando anúncios em buscadores e redes sociais. Por mês, a empreendedora Leticia Korndorfer, 39 anos, reserva uma verba de R$ 2.400 para o marketing. “Vamos dobrar esse investimento porque queremos aumentar as vendas”, afirma. Atualmente, a empresa fatura R$ 50 mil mensais.
Antes mesmo de começar o e-commerce, Leticia contratou a agência digital MSG WebAgência, de Uberlândia (MG), onde fica sua sede. A estratégia de marketing combinou um trabalho de SEO (search engine optimization), para que o negócio ficasse mais bem posicionado na busca orgânica do Google, com anúncios por palavras-chaves e no Google Shopping. Quem visita o site da Tress Cabelos mas não compra, volta a ser impactado em ações de remarketing no Facebook, quando vê anúncios na lateral da página. “Verificamos que as usuárias que foram reimpactadas pela rede social aumentaram em 2,2 vezes a probabilidade de compra na loja virtual”, afirma Alex Correia, da MSG WebAgência.
Além de buscadores e redes sociais, a Tress Cabelos ainda aproveita o bom relacionamento com algumas blogueiras especializadas no assunto. Elas recebem as perucas para testar e costumam postar suas opiniões em blogs e nas redes sociais. No Facebook, a Tress Cabelos mantém o grupo fechado Divas da Tress, que reúne as clientes da marca e outras mulheres interessadas, mas que ainda estão em dúvida sobre comprar ou não.
A Tress Cabelos vende principalmente um tipo de peruca sintética conhecido como lace wig, que tem uma tela onde são costurados os fios, dando uma aparência natural. Além disso, oferece também outros tipos de peruca, chamadas de half wigs, coques, dreads e tranças, com um tíquete médio de R$ 300. Se usadas diariamente, as perucas duram cerca de três meses.
Leticia não começou seu negócio pensando em vender perucas. Depois de cinco anos trabalhando em uma construtora em Angola, a empreendedora decidiu que era hora de abrir a própria empresa. Observava as mulheres negras de Uberlândia e se lembrava das angolanas. “Lá, elas tinham um cabelo excepcional e eram muito vaidosas”, diz. Sua primeira ideia foi abrir um salão de beleza na cidade, onde 48% dos habitantes são afrodescendentes. Fez uma pesquisa de mercado e viajou para os Estados Unidos, para fazer um curso e aprender a lidar com cabelos crespos. Foi então que descobriu um dos segredos das americanas: as perucas. Estava formado o embrião da Tress Cabelos.
Nos Estados Unidos, Leticia recebeu uma proposta para trazer perucas sintéticas com exclusividade ao Brasil. “A burocracia para abrir uma importadora é desmotivadora”, afirma. “Mas percebi que ajudaria essas mulheres que passam por uma fase de transição capilar, dando coragem para que elas enfrentassem esse período”, diz. Muitas mulheres ficam com o cabelo muito enfraquecido depois de tratamentos químicos e passam de um a dois anos sem poder realizar outros processos de beleza, dando um tempo para o cabelo se recuperar.
Leticia chegou a pensar em abrir lojas físicas pelo país, principalmente no Rio de Janeiro e na Bahia, que concentram o público-alvo de afrodescendentes da Tress Cabelos, mas acabou desistindo. “É muito mais fácil vender um produto específico como esse pela internet. Não penso mais em loja física”, diz. Os planos para este ano são de crescimento: a expectativa é alcançar entre R$ 150 mil e R$ 200 mil de faturamento no próximo Natal.