Previsto para ser inaugurado em maio de 2014, o Shopping da Gente, empreendimento popular localizado na Avenida ACM, em Salvador, empacou, há dois anos, no licenciamento junto à Sucom, penalizando mais de 400 lojistas que apostaram suas fichas no negócio e hoje se sentem lesados. Acumulando prejuízo dos investimentos realizados no anunciado “primeiro shopping popular da Bahia”, os comerciantes agora ameaçam judicializar coletivamente a questão, exigindo respostas do dono do shopping e da prefeitura.
“Não é possível que nenhuma providência seja tomada, diante dos danos financeiros e morais causados aos empreendedores que apostaram neste negócio, que foi lançado com aval da prefeitura, prevendo, inclusive, a geração de 800 empregos”, diz o economista Fábio Almeida, que gastou R$ 42,6 mil na aquisição de dois boxes frontais para que a mulher, Magaly, comercializasse bijuterias. “Ela pediu demissão do trabalho quando disseram que iriam entregar as lojas, e até agora nada”, diz.
Segundo Almeida, o shopping comercializou lojas de tamanhos variados, vendendo o metro quadrado por R$ 4 mil (entrada do empreendimento), R$ 3,5 mil (área central) e R$ 3 mil (lojas de fundo). “Teve gente que investiu R$ 120 mil em loja maior e hoje está desesperada”, conta.
Frustração
Os lojistas compartilham suas histórias em um grupo de rede social na internet. É o caso do aposentado Pedro Marcelino, de Alagoinhas, a 120 quilômetros de Salvador. Depois de ter pesquisado a viabilidade de shoppings populares em todo o mundo, Marcelino também resolveu comprar uma lojinha no Shopping da Gente para a mulher e o filho mais velho tocarem, vendendo semijoias. “Compramos mercadorias para estoque e contraímos empréstimos”, revela.
A Sucom informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que, mesmo estando praticamente pronto, o empreendimento continua irregular junto ao órgão, por conta de pendências na apresentação de plantas e projetos. “Foram realizadas obras além do projeto inicialmente previsto e, portanto, se faz necessária a apresentação de novas plantas incluindo a ampliação, mas até agora os responsáveis não entregaram a documentação”, informou. Segundo o órgão, houve ainda outro agravante que impediu a liberação do alvará de funcionamento do shopping: a insuficiência de equipamentos de segurança e pânico.
Os lojistas já cobraram uma posição do dono do empreendimento, o empresário Carlos Piñon. Na área de 13,5 mil metros quadrados, funcionavam, antes, empresas dele: a Tratocar, concessionária da Chevrolet e, posteriormente, uma revenda da Kia, em 2011. “Procuramos ele diversas vezes e a história é sempre a mesma: mostra uma documentação e diz que já está dando entrada para apresentar a papelada na Sucom e nada”, afirmou Fábio Almeida.
Para a reportagem de A TARDE Piñon informou que esteve na Sucom, na última sexta-feira, acompanhado por um engenheiro, e que todo o atraso foi gerado depois que ele pediu um desmembramento da planta do terreno, buscando agilizar a liberação do habite-se. Disse ainda que na segunda-feira, 22, deve retornar ao órgão para apresentar todas as plantas exigidas, bem como os projetos exigidos para segurança.
“Todos os equipamentos já estão até instalados e a nova cobrança foi por causa da previsão de instalação de uma padaria, que agora nem será mais realizada”, revelou. O empresário disse que já está comunicando os lojistas por e-mail e que acredita que até a primeira quinzena de abril o shopping deva ser inaugurado.