A Riachuelo informou que espera uma elevação no nível de inadimplência no primeiro trimestre de 2016, devido ao aumento da oferta de crédito pela companhia no ano passado e à deterioração do cenário macroeconômico, com alta do desemprego e redução na renda disponível das famílias.
Tulio Queiroz, diretor financeiro da Riachuelo, estima para os primeiros três meses deste ano um nível de inadimplência de 17% a 18% na área de empréstimo pessoal, e uma taxa entre 8% e 9% na inadimplência do Cartão Riachuelo. Esses números são bem superiores aos do primeiro trimestre de 2015, quando a inadimplência com empréstimo pessoal bateu 11,4% e a registrada com o cartão da loja, 5,9%.
No quarto trimestre de 2015, as taxas de inadimplência foram de 15,6% para o negócio de empréstimo pessoal e de 8,2% para vendas com cartão Riachuelo. “O volume da carteira de empréstimo pessoal cresceu bastante a partir de 2013. Os juros são altos, o que garantiu crescimento da receita, mas a companhia decidiu rever a oferta de crédito devido ao risco. O volume caiu praticamente pela metade no segundo semestre”, afirmou Queiroz.
Em função do volume ainda alto de crédito pessoal concedido no início de 2015, a companhia espera para o começo deste ano um aumento da inadimplência. Mas, para o ano todo de 2016, a perspectiva é de melhora, com a oferta de crédito mais restrita.
No quarto trimestre de 2015, as despesas com provisões para devedores duvidosos aumentou 136,3% no período, chegando a R$ 191,8 milhões. Queiroz disse que a companhia aumentou as provisões já prevendo o risco de aumento na taxa de inadimplência no primeiro trimestre deste ano.
Lojas
A varejista vai manter a previsão, divulgada no terceiro trimestre de 2015, de abrir 15 lojas em 2016, apesar do cenário macroeconômico difícil. Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, disse que a companhia conseguiu obter ganhos de produtividade no ano passado, o que pode favorecer o desempenho neste ano.
O número de aberturas, no entanto, será inferior ao de anos anteriores. Entre 2013 e 2014, a Riachuelo abriu 45 lojas por ano. Em 2015, essa meta foi reduzida para 28 lojas e a companhia encerrado o intervalo com 285 unidades.
“Vamos colocar mais foco em reformas. A meta é reformar pelo menos 15 unidades neste ano”, disse Rocha. Sem citar números, a empresa informou que a reforma de lojas proporciona um ganho de produtividade nas vendas por metro quadrado das unidades já maduras (com mais de três anos de operação).
Apesar ambiente de negócios difícil, a varejista encerrou 2015 com um ganho de 26% na produtividade de colaboradores por metro quadrado, e redução no ciclo financeiro de 212 para 145 dias. “A nova coleção que chega hoje às lojas foi testada no novo modelo de operação em algumas unidades e apresentou resultados bastante animadores”, disse Rocha.
Logística
Para o ano de 2016, o executivo informou que a companhia planeja fazer uma reestruturação na área administrativa para reduzir custos operacionais. Outra mudança será a entrada em operação, entre março e junho, de um nova unidade logístico, que vai substituir o centro de distribuição também localizado em Guarulhos (SP). A operação será totalmente automatizada e vai permitir fazer a separação e distribuição de produtos para as lojas por peça.
A companhia informou que o centro de distribuição de Guarulhos vai ser fechado, após a transferência para o novo centro logístico. A unidade pode ser vendida, mas essa opção ainda será avaliada pelo conselho de administração futuramente.
O presidente da Riachuelo disse ainda que a companhia conseguiu reduzir o nível de estoques no ano passado e dar início a 2016 com volume “saneados”. “Havia uma expectativa que o sacrifício em margens para sanear estoques iria se estender até janeiro deste ano, mas a perda de margem foi maior só em outubro e novembro. Em dezembro já começamos a trabalhar com margens mais saudáveis”, afirmou Rocha.
Queiroz, diretor financeiro, acrescentou que a companhia reduziu o nível de estoques no quarto trimestre em 18,2% ante igual período de 2014, passando de 165 dias para 135 dias. “Estamos quase no mesmo nível de 2013”, afirmou. O diretor disse que a companhia começou a preservar mais as margens líquida de mercadorias a partir de dezembro do ano passado.