Tradicional forma de pagamento continuará respondendo por 15% das compras no dia 27; modelo pré-pago é terceira opção
Por Luis Philipe Souza – iG São Paulo | 07/11/2015 06:00 – Atualizada às 07/11/2015 10:29
O velho boleto bancário continuará vivo na quinta edição brasileira da Black Friday, que ocorre daqui a exatos 20 dias e pretende faturar este ano algo próximo a R$ 2 bilhões com os mega descontos oferecidos pelo varejo. Mesmo com uma taxa de abandono alta, 50 a cada 100 são descartados pelo consumidor, e sendo alvo de golpes entre grandes redes, a modalidade continuará respondendo por 15% das compras em um universo amplamente dominado pelo cartão de crédito.
O dado da taxa de abandono é da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), que não prevê um crescimento especial desse número para o dia 27. De acordo com Daniel Bento, diretor de meio de pagamentos da associação, há um movimento em favor das compras por cartão de crédito. O varejo não pode ignorar o boleto, mas até mesmo o varejo médio está forçando a entrada do cartão. Oferece também o boleto, mas incentiva a compra no crédito, explica.
Muito dessa mudança pode ser explicada pelos problemas nos anos anteriores envolvendo as guias de pagamento por código de barras. No ano passado, por exemplo, grandes redes varejistas aplicaram golpes entre si para emitir boletos nos concorrentes na intenção de travar o estoque. Nada mudou para este ano, pois o boleto emitido não significa que será pago. O consumidor pode obter uma oferta melhor e simplesmente descartar o boleto emitido antes, explica Tom Canabarro, cofundador da Konduto, plataforma brasileira especializada em análise de fraude.
Canabarro explica ainda que esse é um movimento típico dos gigantes do e-commerce, que programam bots (robôs, em português) para tentar sabotar a logística de estoque dos rivais. O pequeno [varejista] não sofre influência. Tem que ser grande…é uma operação parruda, acrescenta.
Chegada do pré-pago
A pluralidade do público que chega a Black Friday 2015 é um dos fatores principais das mais variadas formas de pagamento. São pessoas de todas as idades, níveis diversos de relação com bancos e que consomem de todas as maneiras. Na opinião de Bento, isso abriu as portas para o modelo de cartão pré-pago. É um pagamento à vista que não trabalha com crédito, mas sim com saldo. E esse modelo abrange mais gente porque mesmo [o consumidor] tendo o nome sujo, ele pode comprar, explica, ponderando que o movimento ainda será tímido neste ano. Está engatinhando, mas é uma possibilidade.
Sobre o modo mais seguro, do ponto de vista do consumidor, Bento sugere o cartão de crédito. De acordo com ele, o boleto reduz a possibilidade de reclamação e de garantias do comprador, o que vem ao encontro com a política das bandeiras dos cartões, que deve ser tidos como aliados na resolução de problemas. Grande parcela disso ocorre ainda por conta de muitos consumidores desconfiados de compras na internet, ele explica. Costumo dizer que o cartão foi usado na internet, mas não clonado na internet. Isso pode acontecer em qualquer lugar (…) o consumidor ainda não tem a percepção de que o banco está do lado dele [nas questões de segurança].
Brasil Econômico on-line – SP