14/09/2015 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
Enquanto grandes varejistas de moda e calçados como Hering, Marisa, Riachuelo e Arezzo reduziram os planos de abertura de lojas neste ano em função da crise, redes de pequeno e médio portes aproveitam espaços livres em shopping centers para expandir suas unidades. Esse avanço tem sido feito principalmente com franquias, que exigem das donas das redes menos investimento inicial. A Side Walk, de vestuário e calçados, está entre as redes que optaram pelo modelo de franquia. A companhia abriu 6 unidades até agosto, ampliando sua rede de 34 para 40 lojas. Desse total, 23 são unidades próprias e 17 são franquias. Tinho Azambuja, sócio e diretor geral da Side Walk, disse que a empresa tem como meta abrir 30 lojas nos próximos três anos. “O cenário atual atrapalhou um pouco os planos para o ano, que era abrir 10 lojas, mas já temos 4 lojas programadas para 2016”, disse Azambuja. A expansão será feita nas regiões Nordeste e CentroOeste. O executivo observou que os franqueados regionais têm mais conhecimento de mercado, o que aumenta as chances de êxito. Além disso, as lojas franqueadas podem aderir ao Simples, o que reduz os gastos com tributos. A varejista de calçados Outer também apostou no conhecimento dos franqueados para expandir a rede. A empresa abriu cinco lojas até agosto e prevê outras três até dezembro, chegando a 24 unidades. No alvo estão pontos de shopping center no interior de São Paulo e capitais fora do Sudeste. Filipe Lamin, diretor de expansão da Outer, disse que o cenário econômico dificulta uma expansão rápida, mas não a impede. “As redes bem preparadas já fizeram ajustes para melhorar o desempenho e a gestão. Existem franqueados com experiência interessados em abrir lojas e há vagas em shopping centers. É uma oportunidade que tem de ser aproveitada”, disse. A Santa Lolla, outra rede de franquia de calçados, abriu cinco lojas no país neste ano, chegando a 128 unidades, e abriu a primeira loja fora do país, em Asunción, no Paraguai. Victor Costa, diretor de expansão da Santa Lolla, prevê abrir mais duas ou três unidades no país até dezembro e dez unidades na Bolívia, no Chile, Paraguai, Panamá e México até 2017. “No Brasil, ainda existe espaço para crescer. E na América Latina, o cenário é melhor, as vendas de calçados crescem acima de 10% ao ano desde 2013”, afirmou Costa. O diretor da Santa Lolla acrescentou que, no mercado brasileiro, a crise econômica afeta o consumo de forma diferente em cada cidade. Para o total de lojas, a empresa informou que a receita de vendas cresceu 7% de janeiro a julho. Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado e sustentabilidade da Associação Brasileira de Franchising (ABF), disse que as franquias de varejo de moda e calçados são, em geral, empresas experientes, com alto nível de profissionalização. “Esse segmento tem potencial para crescer principalmente fora das capitais”, disse. Tieghi acrescentou que, enquanto 40% dos empreendimentos individuais fecham no primeiro ano de operação, o índice de fechamento de lojas de franquia é de 1,2%. De acordo com a ABF, as redes de franquias de vestuário, calçados e acessórios apresentaram crescimento de 9% no primeiro semestre, para R$ 4,55 bilhões em vendas. O aumento foi superior à inflação do semestre, de 6,17%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 38% das 8,6 mil lojas de calçados em shopping centers são franquias. Das 15,2 mil lojas de vestuário, 19% são lojas franqueadas. O objetivo de abrir lojas é atender um consumidor novo e impulsionar o ritmo expansão das vendas. Mas, em um ano de consumo retraído, esse efeito é pequeno. A Outer, que aumentou em 50% o número de lojas, teve um incremento em vendas de apenas 5% no acumulado de janeiro a agosto. A Side Walk, que ampliou a área de lojas em 18%, espera fechar o ano com receita igual à do ano passado, de R$ 82 milhões. “O consumo teve uma grande retração a partir de agosto”, disse Azambuja. A Santa Lolla é a única que espera crescer mais em vendas do que em lojas. A rede aumentou em 4% o número de lojas e espera crescer 10% em receita, chegando a R$ 220 milhões. De janeiro a julho, as vendas aumentaram 7% ante igual período de 2014.
Valor Econômico – SP