03/07/2015 às 05h00
Por Assis Moreira | De Paris
A CocaCola vai investir US$ 1 bilhão no Brasil em 2016, dos quais cerca da metade será para terminar de construir duas novas fábricas. O plano é parte da estratégia de ganhar mais fatias num dos maiores mercados emergentes do mundo. Foi o que informou ao Valor o presidente do grupo para a América Latina, Brian Smith. As novas fábricas serão localizadas no Rio de Janeiro e em Brasília. Há três semanas, a CocaCola Femsa inaugurou uma fábrica em Minas Gerais, que custou US$ 250 milhões. Segundo Smith, o grupo terá investido US$ 7 bilhões no Brasil entre 20122016. ”Quem cresce agora, num mercado em desaceleração, ganha fatias de mercado”, disse. Neste ano, a CocaCola e suas nove engarrafadoras no Brasil estão investindo R$ 2,7 bilhões no país. A fábrica no Rio será construída em Duque de Caxias, pela engarrafadora chilena Andina. A unidade de Brasília ficará a cargo do grupo Brasal. O sistema CocaCola, que reúne a multinacional e suas engarrafadoras, opera 43 fábricas. O mercado de bebidas sofreu queda de vendas no Brasil este ano. Brian diz que, se isso ocorreu no geral, no caso da CocaCola houve aumento de vendas em várias categorias. Seu portfólio inclui, além de refrigerantes, sucos, água, guaraná, chá, café, energéticos. O presidente da CocaCola no Brasil, Xiemar Zarazúa, disse ao Valor em março que as vendas cresceram 2% no ano passado e que neste em 2015 também cresceriam, apesar de ser um ano difícil. Brian se diz otimista sobre o Brasil, mas também realista, observando que os próximos 18 meses ”serão duros”. A ordem no grupo é aumentar a produtividade e reduzir custos, desde a distribuição até a embalagem. O aumento de capacidade vai significar também mais eficiência, segundo ele. O grupo busca ampliar também as sinergias entre as fábricas no país. Alem disso, quer reduzir o custo com embalagens, por exemplo com redução de até 25% no plástico de uma garrafa. Mas o volume de bebida continuará o mesmo. Além dos US$ 400 milhões na construção das duas fábricas, o resto do investimento em 2016 ocorrerá em manutenção e modernização de equipamentos, compras de caminhões e de muitas geladeiras, além dos gastos com publicidade. Tarek Farahat, presidente da Procter & Gamble (P&G) para América Latina, disse que o Brasil ”é um grande mercado consumidor, 70% do PIB é consumo interno e isso é algo que em nosso setor é muito importante”. Ele lembrou que o país é o maior mercado da América Latina, com uma fatia de 51% das vendas. Conforme Tarek, no Nordeste, o crescimento tem sido três vezes maior do que no resto do mundo. Mesmo com desaceleração do consumo e aumento da inflação, produtos de beleza e de cuidado pessoal continuaram crescendo, informou o executivo. Além disso, durante períodos de crise, 69% dos consumidores mantiveram a compra das marcas que usavam, disse o executivo.
Valor Econômico – SP