29/06/2015 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A Dafiti, varejista online de moda, preparase para abrir a primeira loja em shopping center. A companhia concluiu a operação de sua loja temporária aberta na Oscar Freire, rua considerada centro de referência de moda na capital paulista. A unidade foi aberta em março, com investimento de R$ 1 milhão e duração prevista de quatro meses. Na loja temporária, os consumidores podiam ver e escolher produtos, mas as vendas só podiam ser concluídas pela internet. As entregas eram feitas no endereço cadastrado pelos consumidores. O modelo foi inspirado na Nordstrom, uma das primeiras varejistas de moda online a abrir lojas temporárias nos Estados Unidos. À época, a Dafiti informou que poderia abrir outra loja temporária, ou uma loja no formato tradicional. “A empresa não tinha experiência com o varejo físico e a loja temporária serviu como um primeiro teste para competir como uma empresa multicanal”, afirmou Malte Horeyseck, sóciofundador da Dafiti. Ele disse que a companhia avalia opções em shopping centers para abrir a loja física. Horeyseck acrescentou que a loja temporária foi aberta com o objetivo principal de atrair novos consumidores para o site. Segundo a Dafiti, a loja atraiu 3,5 vezes mais clientes novos do que o site. E 15% dos clientes que visitaram a loja na Oscar Freire fizeram mais de uma compra online. “As vendas ficaram mais ou menos dentro do esperado”, disse o executivo, sem citar números. À época da inauguração da loja temporária, a Dafiti informou que esperava recuperar o investimento feito na unidade até seu fechamento e que as lojas da Oscar Freire têm receita mensal de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões. Em relação ao desempenho geral da Dafiti, Horeyseck disse que as vendas totais apresentam neste ano crescimento aproximado de 12%. “É um desempenho menor do que no ano passado, por causa do cenário econômico mais difícil, mas ainda é um ritmo acelerado.” Em 2014, a Dafiti registrou crescimento de 41% na receita líquida, para R$ 592 milhões. A companhia não divulga informações sobre lucro. A margem do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (margem Ebitda) da companhia ficou negativa em 35%, mas apresentou melhora em relação ao ano anterior, quando o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização representou 48% da receita. Horeyseck também afirmou que, além dos testes com lojas físicas, a Dafiti espera melhorar resultados com a ampliação de suas marcas próprias. Neste ano, a empresa lançou a marca Dafiti Collection, a décimaterceira da companhia. A marca terá de 8 mil a 10 mil produtos por estação. Horeyseck disse que 70% das vendas feitas na loja da Oscar Freire eram de itens da nova marca. Enquanto a Dafiti dá os primeiros passos no varejo físico, a Netshoes reforça as apostas no meio online. Em dezembro de 2014, a varejista de artigos esportivos lançou a Zattini, loja virtual de moda masculina, feminina e infantil. Em março deste ano, a empresa anunciou que avaliava abrir outro comércio eletrônico. Bruno Couto, gerente de marketing e de comunicação da Netshoes e Zattini, disse que a estratégia neste ano tem como pilares ampliar as categorias de atuação da Netshoes na internet, expandir a operação na América Latina e aumentar a oferta de serviços para dispositivos móveis. Ele acrescentou que a Netshoes começou no passado como uma loja física e que, no momento, não vê sentido em voltar a ter unidades de rua ou em shopping centers. O executivo afirmou que a loja virtual da Zattini alcançou em sete meses de operação 1,6 milhão de visitantes mensais e que esse número é significativo, considerando que a Netshoes, com 15 anos de operação, possui uma média de 10 milhões de visitantes por mês. Couto não informou a receita gerada com a Zattini, apenas disse que o negócio “tem apresentado resultados além do esperado”. “Os resultados vistos até agora mostra que a empresa deu o tiro certo.” A Netshoes espera melhores resultados com as operações no exterior. Possui, desde 2011, lojas virtuais no México e na Argentina. Essas operações cresceram mais que dobraram a receita no ano passado e já respondem por algo entre 10% e 15% da receita da companhia. A Netshoes fechou 2014 com receita de R$ 1,2 bilhão, aumento de 20,1% em relação a 2013. Registrou prejuízo líquido de R$ 93,6 milhões, ante perdas de R$ 71,9 milhões em 2013. A expectativa da empresa é atingir o equilíbrio financeiro neste ano. Atualmente, no Brasil, o consumo online responde por 3,5% do varejo de moda, ou R$ 6 bilhões em vendas. Segundo a Euromonitor, esse segmento vai chegar a R$ 7,6 bilhões até 2018. O potencial fez crescer a competição entre as varejistas de moda. Neste ano, a C&A voltou a operar seu site de comércio no Brasil. A Riachuelo e a Pernambucanas anunciaram planos de competir no meio online. Marisa, Hering, Renner e Centauro (do Grupo SBF) também reforçaram sua atuação na internet.
Valor Econômico – SP