22/06/2015 às 05h00
Por João José Oliveira | De São Paulo
A Avianca Brasil anunciou semana passada um investimento sete vezes maior que o plano de aportes feito de 2010 a 2015, ao assinar carta de intenção para compra de 62 Airbus A320neo, negócio a preço de tabela de US$ 6,4 bilhões (R$ 19,8 bilhões). A meta é acelerar o crescimento e reduzir a diferença para as concorrentes Azul, Gol e TAM. “Essa encomenda vai ampliar a oferta e garantir a renovação da frota da até 2022”, disse o vice presidente comercial e de marketing da Avianca, Tarcisio Gargioni. Os recursos da encomenda que ainda precisa ser confirmada em contrato serão garantidos pelo Synergy, grupo dos irmãos José e Germán Efromovich, também donos da Avianca Holdings, da Colômbia, que faturou US$ 4,3 bilhões em 2014, cinco vezes mais que a Avianca Brasil. “A compra é do Synergy”, confirma Gargioni. Com ações nas bolsas de Bogotá e Nova York, o grupo dos Efromovich tem acesso aos mercados de capitais. “Nosso foco hoje é concluir o plano de frota 20102015, com a chegada de quatro Airbus até setembro, apontou Gargioni, referindose ao plano de investimento traçado em 2010, que demandou R$ 2,7 bilhões e ampliou a frota de 17 para 41 aviões. Há meia década, a Avianca Brasil tinha 17 aviões Fokker e apenas três Airbus. Hoje, a companhia soma 37 Airbus, dos modelos A318 (120 lugares), A319 (132 lugares) e A320 (162 lugares). Com os quatro A320 que chegam até setembro, serão todos os 41 aviões da fabricante francesa. “E a encomenda dos A320neo reforça que a companhia está firme no plano de longo prazo no Brasil, apesar da conjuntura de curto prazo”, disse. Gargioni diz que a demanda doméstica só está sendo sustentada pelo corte de tarifas. “Os preços pararam de cair, mas estamos em patamares muito mais baixos que ano passado”, disse Gargioni, apontando que a deflação está na casa de dois dígitos. A demanda da Avianca cresceu 18,7% de janeiro a abril, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Mais que os 3% do setor. Por isso, a fatia de mercado da empresa subiu a 8,9%, de 7,9% um ano atrás. Em 2010, era de apenas 2,5% contra 43% da TAM, 37% da Gol e 7,5% da Azul. Hoje, as três rivais têm fatias de 36,6%, 36,6% e 16,6%, respectivamente. “Nosso desafio é ampliar oferta sem perder ocupação”, disse Gargioni. Em 2015, a Avianca elevou a oferta em 19,7%, mas a taxa de ocupação da empresa caiu 0,8 ponto percentual, para 84,7%. “Os novos modelos são mais eficientes e permitem mais voos com menos despesas”, disse Gargioni. E os aviões A320neo, que a Avianca Brasil pretende comprar, são ainda mais eficientes que os atuais A320 com até 20% de economia de combustível. Uma eficiência que será fundamental para a Avianca driblar a negativa taxa de lucro. A Avianca acumulou prejuízos de R$ 219 milhões entre 2011 e 2013. O controlador José Efromovich afirmou, em março, que a aérea teve prejuízo ano passado e repetirá as perdas em 2015. Mas a receita de voos da empresa saltou de R$ 576,4 milhões, em 2010, para 2,5 bilhões ano passado, graças a aviões maiores, à inclusão de novas rotas e mais frequências para aeroportos de maior densidade. Gargioni diz que a aérea busca maior sinergia com a Avianca Holdings. “Nossa receita em moeda estrangeira ainda é quase desprezível”. Como perdeu a disputa pela portuguesa TAP para o consórcio Gateway, de David Neeleman que também é dono da Azul , é esperado que os Efromovich ampliem o foco na Avianca, acelerando a busca por sinergias.
Valor Econômico – SP