Uso do celular no piso de vendas atrapalha imagem da empresa e gera reclamações
Os smartphones são parte das relações de consumo e, por que não, itens essenciais na vida das pessoas. Não é raro, por exemplo, que o fato de esquecer o celular em casa crie uma sensação de vazio ou quebrem completamente a rotina diária. Mas o que fazer quando o fluxo constante de mensagens, notícias, fotos e vídeos tira a concentração dos vendedores e atrapalha o rendimento da operação do varejo?
A questão vem se tornando cada vez mais séria. No Distrito Federal, por exemplo, em 2014 o Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) recebeu 100 reclamações de patrões sobre o uso excessivo de celulares pelos funcionários. Apenas no primeiro trimestre de 2015, foram 381 queixas formais. Os empregadores dizem que o aparelho distrai os funcionários e, com isso, prejudica a qualidade do atendimento. Por outro lado, os trabalhadores reclamam do cerceamento da comunicação.
O celular se tornou mais um problema gerencial para o varejo resolver, afirma Fernando Lucena, presidente do Grupo Friedman, especializado em consultoria de negócios. Para ele, não apenas os funcionários perdem o foco no que estão fazendo, mas também transmitem uma mensagem ruim para os clientes que entram na loja. Se a rodinha de vendedores já não é legal, imagine cada um ali olhando para o celular, fechado em seu mundinho, comenta.
Outra questão relevante é a prevenção de perdas. Afinal, o vendedor imerso no mundo do celular dificilmente verá alguém que colocou um produto no bolso. Por isso, em vez de proibir, as empresas deveriam aproveitar o celular que está com o vendedor para transformá-lo em um veículo de educação. Se a pessoa não está fazendo nada na loja e apela para o Facebook, que tal usar esse tempo para acessar conteúdos relevantes para o negócio?, sugere.
Lucena acredita que o problema não é dar uma olhada no celular quando não há ninguém na loja, e sim o fato de que as pessoas se desviam dos afazeres para acompanhar a fofoca do WhatsApp. E isso afeta a percepção que os clientes têm da loja. Se no caixa do supermercado isso já é ruim, imagine em uma loja de maior valor agregado, em que a expectativa do cliente é maior, afirma. Para ele, a solução é conscientizar a equipe de vendas. A saída é pura educação. É preciso mostrar que a realidade da loja é mais interessante que a das redes sociais e que o vendedor não está no PDV somente para atender ao cliente, mas também para conhecer mais sobre os produtos, sobre técnicas de vendas, sobre os negócios, explica.
Revista No Varejo on-line – SP