21/05/2015 às 05h00
Por João José Oliveira | De São Paulo
A Azul, terceira maior companhia aérea brasileira, assinou ontem contrato que confirma a encomenda de 50 aeronaves da Embraer, do modelo 195E2, sendo 30 pedidos firmes e outros 20 em opção de compra, em um negócio estimado em US$ 3,2 bilhões pelo valor de tabela dos aviões. A encomenda fora anunciada em carta de intenção, assinada em julho do ano passado. Mas em novembro, a Azul ameaçou interromper a compra se o governo não implementasse o programa de aviação regional plano federal de investir R$ 7,2 bilhões em aeroportos de cidades secundárias e subsidiar passagens para esses destinos para estimular o transporte aéreo no país. E no mesmo mês, anunciou encomenda de 68 aviões da Airbus, modelos A320 e A350, o que aumentou as dúvidas sobre o negócio com a Embraer. “A gente tinha uma carta de intenções. Agora é contrato. O plano de aviação regional influenciou nossa decisão de manter a compra, especialmente porque o texto sancionado manteve aquilo que defendemos, dando subsídio dentro de um limite de 60 assentos ou até 50% da ocupação da aeronave”, disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves. Sem esse limite do subsídio a 60 assentos, observou, as aeronaves maiores, da Boeing e da Airbus, seriam mais competitivas nas rotas regionais que as da Embraer. O presidente da Azul disse que independentemente do plano de aviação regional, a companhia está pronta para seguir aumentando a oferta no médio e longo prazos. Por isso, a aquisição das aeronaves Airbus, que transportam mais de 200 passageiros. “Não estamos aqui pelo curto prazo. Nossa estratégia não muda de acordo com a variação do câmbio ou da demanda”. Neves disse que as aeronaves da Airbus vão atender às rotas domésticas de maior densidade e aos voos internacionais. A frota da Azul atual é formada por 143 aeronaves, sendo 54 modelos da italiana ATR, 82 da Embraer e 7 da Airbus. “Temos modelos para cada tipo de rota. Por isso atendemos mais rotas que os concorrentes”, disse Neves. A Azul voa para 103 destinos ante cerca de 50 cidades atendidas por Gol e TAM. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, a Azul cresceu 10,7% em março em termos de demanda, tendo transportado 5,16 milhões de passageiros. A empresa tem participação de 17% no mercado doméstico brasileiro Neves afirmou que a demanda por viagens de negócios começou a reagir em maio. “Houve uma fase em que vimos muita migração de corporativo para lazer. Mas estamos percebendo alguma reação do mercado corporativo. Alguns mercados estão apresentando tração. E não estou vendo um viés de baixa”, afirmou o executivo. A melhora demanda associada à expectativa de que o programa de aviação regional seja implementado ainda este ano leva o presidente da Azul a projetar espaço para aumento na oferta de destinos e a descartar corte de pessoal. “Nós até aumentamos um pouco nosso quadro este ano”, disse Neves, sobre o quadro de 11 mil funcionários.
Valor Econômico – SP