O governo chinês e a Caixa Econômica Federal devem montar um fundo de financiamentos à infraestrutura com aporte previsto de US$ 50 bilhões, do Banco de Desenvolvimento da China. O memorando de entendimento entre as duas instituições segundo O Estado de S. Paulo de hoje — deve ser assinado no dia 19 deste mês, por ocasião do primeiro-ministro chinês Li Keqiang ao Brasil.
“Os recursos serão utilizados para apoiar investimentos de infraestrutura e, obviamente, financiar empresas chinesas também”, afirmou uma fonte a par das negociações. A ideia é montar um fundo semelhante ao que o governo chinês fez no México e no Equador.
No ano passado, bancos estatais da China emprestaram US$ 22,1 bilhões a países e empresas da América Latina, valor superior aos financiamentos feitos à região pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. O montante é 71% superior ao que foi desembolsado no ano anterior.
O Brasil ficou com US$ 8,6 bilhões, dos quais US$ 7,5 bilhões contratados pela mineradora Vale. Os dados foram levantados pelo professor da Universidade de Boston, Kevin Gallagher. De acordo com o levantamento dele, na década terminada em 2014, instituições chinesas liberaram US$ 119 bilhões para a região.
Neste ano, o Banco de Desenvolvimento da China fechou contrato de financiamento de US$ 3,5 bilhões à Petrobras, o primeiro de um acordo de cooperação a ser implementado ao longo de 2015 e 2016, informou a petroleira.
Uma fonte da Caixa disse que, embora seja preciso ainda definir a engenharia do mecanismo, a Caixa faz questão de ser a gestora do fundo, da mesma forma que é feito com o fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
“Poderemos contar com esses recursos, mas não é para agora”, ressaltou quando questionado se o dinheiro poderia financiar o novo pacote de concessões que o governo espera lançar em breve.
Com mais essa operação, os chineses passam a ser uma fonte alternativa de recursos à infraestrutura neste momento em que a equipe econômica quer diminuir o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nessas operações, tendo em vista que não há espaço para novos aportes do Tesouro Nacional.
Os bancos chineses geralmente estabelecem acordos que vão além de pagamento em dinheiro. Para cobrar juros mais baixos, as operações envolvem também intercâmbio de serviços e produtos. (de O Estado de S. Paulo)
O Estado de S. Paulo – SP