(JC E RG)
DE SÃO PAULO
Quando for inaugurado, o novo shopping Cidade São Paulo, na avenida Paulista, não deverá ameaçar outros shoppings da região, segundo analistas de varejo. As redondezas abrigam empreendimentos como Frei Caneca, Paulista, Center 3 e Top Center.
Localizados em uma área de tráfego intenso, os shoppings da Paulista se beneficiam do consumo de vizinhança, segundo Alberto Serrentino, sócio da consultoria especializada Varese Retail.
“Tem muito consumo a pé e muita densidade. Não deve canibalizar os outros porque vai ser um shopping mais de nicho, com um perfil mais premium.”
Para Serrentino, “o novo empreendimento também não deve fazer competição direta com o Paulista, que é um shopping com perfil mais completo, com mais lojas-âncoras, que atraem clientes, como Zara e Fast Shop”, diz.
A CCP (Cyrela Commercial Properties), empresa que comercializa e administra imóveis comerciais, responsável pelo novo empreendimento, estima fluxo diário de 1,5 milhão de pessoas e cerca de 2.400 carros por hora.
O trânsito na rua São Carlos do Pinhal, paralela à Paulista, deve ser o maior desafio do estabelecimento. Por lá entrarão carros com destino ao prédio empresarial e ao shopping.
Por exigência da CET, o responsável pelo empreendimento foi obrigado a destinar 1% do valor da obra para melhorias no trânsito. Na São Carlos do Pinhal e na rua Pamplona, uma faixa foi feita a mais, no trecho onde fica o shopping.
Mas o grande volume de trânsito se dará quando o prédio corporativo estiver ocupado, o que ainda não ocorrerá na inauguração.
Durante a obra, moradores reclamaram de barulho e da poeira causada. A síndica de um prédio na rua São Carlos do Pinhal estuda entrar com ação contra a construtora responsável pelo empreendimento por danos na calçada e canteiro do edifício.
HISTÓRIA
O shopping Cidade São Paulo fica localizado no terreno que abrigava a antiga casa da família de Francisco Matarazzo, um dos principais industriais do país no século passado.
Demolido em 1996, o imóvel se transformou em um estacionamento, fechado pouco antes de as obras do novo shopping começarem, em 2011.
A casa dos Matarazzo chegou a ser tombada na década de 1990, para se transformar em um museu do trabalhador. Mas os representantes do espólio de Matarazzo conseguiram reverter a decisão na Justiça, em sentença que transitou em julgado (quando não há mais possibilidade de recursos) em 2001.
O Conpresp (conselho municipal de preservação do patrimônio histórico) oficializou o “destombamento” nove anos depois, em 2010.
Folha de S. Paulo – SP