Leia biografias de grandes homens; elas são os maiores guias para as dificuldades que nós enfrentamos
NIZAN GUANAES
Uma crise dessas pode servir para muita coisa. Inclusive nos transforma num grande líder. A crise impõe mudanças, que precisam ser bem lideradas para serem bem-sucedidas. Então, lidere copiando o que grandes líderes fizeram em grandes crises:
1 – Tome decisões duras. Este é o momento de enfrentarmos a realidade e resolvermos todas as questões delicadas que estávamos postergando por anos. Não vamos desperdiçar o senso de urgência que a crise traz. Tem gente que só larga o cigarro quando vai parar no médico com doença grave. A crise nos obriga a colocar o corpo da nossa empresa em forma.
2 – Chame o Falconi. É preciso lutar contra a pré-ocupação e incentivar a ocupação. A crise não pode paralisar a empresa. Ao contrário. É preciso se mexer, ganhar competitividade. O Brasil tem problema crítico de produtividade. É preciso investir em gestão para melhorar todos os processos. E quem mais entende disso no Brasil é o professor Falconi.
3 – Inove. Grandes inovações surgiram das dificuldades e das crises. Traga soluções novas para a sua empresa e para os seus clientes. Eles estão precisando. Não adianta se retrair achando que as coisas voltarão ao “business as usual”. Não voltarão. Quem mudar na direção certa vai ganhar mercado de quem se apequenou e sairá da crise mais forte e preparado.
4 – Chame o Galeazzi. Os mestres dizem que reduzir as despesas deve ser atividade permanente. Na crise, é imperativa. O líder deve começar cortando suas próprias despesas, para poder exigir o mesmo da equipe. Mas é preciso saber cortar o que atrapalha e promover o que ajuda. O mestre disso no Brasil é o Galeazzi.
5 – Fique do lado dos clientes. Alguns dos meus clientes viram sua verba publicitária desaparecer, mas eu não vou desaparecer da frente deles porque a verba deles desapareceu. Este é o momento de trazer soluções. Até para a falta de verba.
6 – Limpe a agenda. Já que estamos em crise, vamos ter uma agenda de crise. Para isso, é indispensável limpar a agenda de tudo aquilo que é desnecessário e fixar o foco no que precisa ser focado. Tirei da minha agenda tudo o que era lateral, espuma. Essas coisas terão o seu tempo, mas primeiro a crise, ou melhor, as soluções para a crise.
7 – Comunique-se de forma clara com os funcionários. É preciso investir em endomarketing para mudar o clima e dar direção à empresa. Tenho cuidado dessa agenda pessoalmente, me comunicando de forma permanente com os colaboradores. As empresas hoje são canais abertos de comunicação. É hora de turbinar esses canais, falando de forma clara e constante e trazendo grandes mentes de fora para inspirar as equipes.
8 – Procure inspiração em outras indústrias e outros períodos. A história da humanidade e dos ne- ócios pode ser contada por suas crises. Elas geram grandes trans- formações em todos os níveis. Não perca tempo buscando soluções que já foram encontradas. É preciso ler e apreender as experiências con- tadas todos os dias nos jornais e nas revistas. Esta Folha vem mostrando medidas que várias empresas estão tomando. Vamos aprender com elas.
9 – Incentive a vida saudável. Aprendi essa lição com grandes empresários e executivos que admiro e conheço. Por isso, sei que funciona. É preciso estimular a si e aos colaboradores a fazer exercícios, dormir bem, se alimentar de forma saudável. É preciso ter saúde, cabeça e resistência para enfrentar a crise. E cabeça boa se consegue com corpo em bom estado.
10 – Leia biografias de grandes homens. A crise é para os grandes. As biografias dos grandes homens são os maiores guias para as dificuldades que enfrentamos.
O que Olavo Setubal, Walter Moreira Salles, Abilio Diniz, Marcel Hermann Telles fizeram em grandes momentos como este? São grandes homens justamente porque não se apequenaram em momentos críticos. Ao contrário, se firmaram como líderes. Este pode ser o seu momento Winston Churchill, o homem que na hora mais dura construiu seu grande momento, sua “finest hour”.
NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, escreve às terças-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.
Folha de S. Paulo – SP