Por Helena Benfica e Ana Luiza Tieghi | As promoções antecipadas pelo varejo durante o mês de novembro no chamado movimento “esquenta” para o Black Friday dão mostras que o desempenho das vendas para o período podem ser positivos para o setor.
Entre 27 de outubro e 20 de novembro, foram contabilizados mais de 1,6 milhão de pedidos e 44,8 milhões de itens, um aumento de 7,9% e de 25,2%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2023.
Analisando o desempenho por semana, a 1ª registrou crescimento de 13,5%; a 2ª, de 18,1%; e na 3ª semana, até 20 de novembro, as vendas subiram 5,6%.
Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Senior Sistemas, multinacional de softwares para gestão logística, atacado e distribuição.
A média de itens por pedido nesses primeiros 15 dias que antecedem a Black Friday variou de 2 a 4 produtos. Isso tem incentivado promoções de frete grátis, mediante valor ou quantidade mínima de itens, ressaltou a empresa em sua análise.
Apesar da antecipação, boa parte dos consumidores deve deixar para fazer as compras na última sexta-feira do mês, o dia ‘D’ da Black Friday.
A data coincide com a primeira parcela do 13º salário, o que deve contribuir para que as compras aumentem na reta final.
Embora as expectativas sejam positivas para a Black Friday deste ano, não há forte sinalização de que os consumidores possam antecipar as compras de Natal.
De acordo com uma pesquisa feita pelo site de avaliações Reclame Aqui, 51% dos entrevistados não pretendem adiantar os presentes natalinos na Black Friday. Em 2023, 63% haviam dito que fariam as compras de Natal em novembro.
Essa mudança indica uma preferência por não pressionar o bolso do consumidor de uma vez só, afirma Edu Neves, presidente do Reclame Aqui. Apesar do pleno emprego, os juros seguem altos e boa parte da população ainda sofre com o endividamento. “O consumidor quer postergar o gasto o máximo que ele puder, mostrando uma baixa disposição a tomar risco”, disse.
A pesquisa ouviu 1.800 usuários entre os dias 4 e 7 de novembro. Questionados sobre a forma de pagamento que pretendem utilizar, a maior parte (60,35%) disse que vai comprar no cartão de crédito, de forma parcelada, e apenas 20,16%, na modalidade Pix. “Mais do que uma boa promoção, ele busca crédito e boas condições de pagamento,”
Os consumidores também começam a fazer pesquisas para evitar cair em promoções falsas ou golpes. Desde quando viralizou o meme de que a Black Friday era “metade do dobro”, o cliente passou a monitorar os preços com mais antecedência para identificar condições realmente vantajosas, “e esse letramento melhora a cada ano”, disse Neves.
No varejo de materiais de construção, há também otimismo para que as vendas sejam maiores este ano. Pesquisa da Junto Somos Mais, joint venture de Votorantim Cimentos, Tigre e Gerdau que opera um marketplace para lojistas de material de construção abastecerem seus comércios, aponta que 56% dos consumidores finais pretendem comprar itens de construção, reforma ou decoração no período.
Dessa parcela, 86% estão fazendo uma reforma ou pretende iniciar uma obra nos próximos meses. Entre os quem planejam fazer compras na data, 38% pretendem gastar até R$ 5 mil em materiais de construção e decoração. Outros 24% planejam gastar de R$ 5 mil a R$ 10 mil, enquanto 19% devem investir mais de R$ 10 mil – 19% não sabem ou preferiram não responder.
Fonte: Valor Econômico