Por Ana Claudia Nagao | Estudo da IQVIA revela que a abertura de farmácias está no topo entre as principais alavancas de crescimento do setor nos primeiros oito meses do ano. O total de estabelecimentos que iniciaram operações no período foi de 15.918. Deste volume de novos PDVs, 10.084 (63,3%) são lojas independentes.
As representantes do associativismo que integram a Febrafar inauguraram o segundo maior número de novas lojas, contabilizando 2.245 PDVs (14,1%). Na sequência figuram o grande varejo farmacêutico nacional, vinculado à Abrafarma (1.594), as demais associações e franquias (1.151), além das pequenas e médias redes (834). Com esse avanço, chegou a 93.174 o contingente de farmácias em funcionamento no país.
Quando a análise abrange os últimos cinco anos, considerando o intervalo de janeiro e agosto, constata-se um equilíbrio no ritmo de aberturas por nicho do varejo farmacêutico. Mas as independentes ainda perfazem 55,1% das unidades.
Abertura de farmácias em bom ritmo, mas…
A abertura de farmácias demonstra o apetite de gestores e empreendedores pela expansão no setor. Mas o volume de estabelecimentos que fecharam as portas no Brasil segue intenso. E justamente são as independentes as maiores vítimas dessas estatísticas.
O estudo considera estabelecimentos que deixaram de funcionar no período ou simplesmente não apresentaram faturamento nos últimos três meses. De 7.938 farmácias que padeceram, 6.934 (87,4%) são independentes. Embora seja o segmento com maior número de inaugurações, também é o que mais descontinua as atividades.
Para Paulo Gomes, vice-presidente de relacionamento com o mercado da Retail Farma Brasil, a probabilidade de sobrevivência está muito mais relacionada à inteligência de negócio do que ao porte da empresa em si. “O conhecimento que era passado de pai para filho, perpetuando as atividades empresariais de uma família, já não é suficiente no contexto atual”, alerta.
O consultor traça um paralelo interessante entre o varejo farmacêutico e a chamada era do gelo. “Neandertais eram menos colaborativos e permaneciam fechados em si, enquanto os homo sapiens criaram redes de colaboração de vários quilômetros de distância e se adaptaram”, conta.
“É o que acontece no setor no momento em que grupos associativistas e grandes redes atuam com base em plataformas de CRM e estudos sobre insights dos shoppers em parceria com a indústria. Já o pequeno varejista insiste em pensar somente na formação de planogramas”, acrescenta.
Fonte: Panorama Farmacêutico