Por Nicola Pamplona | O GPA (Grupo Pão de Açúcar) assinou contrato com a EDP para abastecer lojas em São Paulo com energia solar, como parte da estratégia de descarbonizar atividades da rede varejista. O acordo prevê o suprimento a 40 unidades do Minuto Pão de Açúcar em São Paulo.
O fornecimento será feito pela modalidade de geração distribuída, que permite que consumidores gerem sua própria energia ou comprem de pequenos parques instalados dentro da área de concessão de suas distribuidoras de eletricidade.
O contrato prevê o fornecimento de 16,8 GWh (gigawatts-hora) entre 2024 e 2026, gerados em usinas localizadas em Lorena, Santa Adélia, Leme, Pirangi e Iperó. O Pão de Açúcar estima que vai evitar a emissão de 648,5 toneladas de CO2 até o fim do contrato.
“Nosso objetivo é cada vez mais evoluir na gestão ambiental de nossos negócios, buscando soluções sustentáveis e eficientes, não só no âmbito energético, mas em toda a cadeia produtiva”, diz a gerente de Sustentabilidade do GPA, Renata Amaral.
A geração distribuída abre possibilidade para a compra de energia renovável por clientes de baixa tensão que ainda estão conectados às distribuidoras de eletricidade e tem sido vista como alternativa para segmentos que tem atividades mais espalhadas, como varejo e bancos.
O GPA também compra energia no mercado livre, para unidades de maior consumo, mas aposta nessa alternativa para as chamadas “lojas de proximidade”, como a Minuto ou Mini Extra, seu principal foco de crescimento atual. No segundo trimestre, eram 326 unidades desse tipo.
Amaral diz que, à medida em que novas lojas forem abertas, a ideia é buscar também fornecimento de energias renováveis. Usando como base o ano de 2015, a empresa traçou uma meta de reduzir em 30% suas emissões até 2025.
Para a EDP, o contrato reforça a estratégia de comercialização de energia no varejo. A empresa é hoje uma das maiores comercializadoras de energia no mercado livre, com 661 clientes, número que disparou este ano após redução dos limites de tensão para a migração para o atacado.
No segmento de geração distribuída, tem um orçamento de R$ 600 milhões para dobrar sua capacidade de geração solar até 2026, chegando a 500 MW (megawatts).
“O fechamento deste contrato com um dos principais grupos do setor de varejo alimentar no Brasil reforça a nossa estratégia de liderar a geração distribuída solar e a transição energética no país”, diz o vice-presidente de Soluções para Clientes da empresa na América do Sul, Carlos Andrade.
O crescimento desordenado da geração distribuída no país tem gerado desafios para a operação do sistema elétrico. No início do mês, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) alertou sobre riscos de desequilíbrio com a sobreoferta de energia em horários com mais luz solar nos próximos anos.
Andrade reconhece que houve uma corrida por novos projetos antes da mudança no sistema de subsídios para essa atividade em 2023, mas diz que o investimento em armazenamento de energia pode minimizar o problema.
“Vamos ter que começar a investir mais a sério em baterias para podermos utilizar essa [sobra de energia] energia em excesso para consumir no horário de pico [do início da noite]”, diz, lembrando que o governo estuda o primeiro leilão de armazenamento para o sistema elétrico.
Fonte: Folha de S.Paulo