Por Leonardo Leão | Minas Gerais possui 22 empresas entre as 300 maiores varejistas do Brasil, sendo que 17 atuam no segmento supermercadista. Conforme dados do levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com a Cielo, as companhias com sede no Estado somaram R$ 87,568 bilhões em vendas no ano passado. As quatro primeiras posições do ranking estadual do varejo estão ocupadas por redes de supermercados, atacarejo e de conveniência (veja a lista completa ao final da reportagem).
O consultor especialista em varejo José Cortizo aponta alguns dos fatores que podem explicar essa dominância, como o fato de esse segmento comercializar itens básicos, que possuem alta frequência de compra, e a expansão do modelo cash & carry, mais conhecido como atacarejo.
Outro ponto citado pelo especialista é a tendência de alta densidade de lojas no varejo supermercadista, tanto em grandes centros urbanos quanto em cidades menores. “Isso os torna convenientes e acessíveis a diferentes perfis de consumidores e, desta forma, ganham relevância no mercado”, aponta.
Conforme o Ranking Cielo-SBVC deste ano, a rede Supermercados BH é a maior varejista de Minas, com R$ 17,388 bilhões em vendas ao longo de 2023. Esse valor é 24% superior ao registrado no exercício anterior (R$ 14,012 bilhões).
Em seguida aparecem: Grupo Martins (R$ 12 bilhões); Mart Minas (R$ 9,437 bilhões) e o Epa Supermercados (R$ 7,994 bilhões).
Cortizo destaca que o atual cenário é de expectativas de muitas transformações no varejo nos próximos anos. Para ele, essas mudanças devem garantir aos supermercados a continuação do domínio nos rankings a serem realizados futuramente.
Na visão do consultor, uma possibilidade muito forte de mudança pode ocorrer devido a maior adoção de compras on-line e hábitos de consumo mais voltados para conveniência, saudabilidade e sustentabilidade, das gerações mais jovens.
Isso, segundo o especialista em varejo, contribuirá para a popularização de serviços de entrega de alimentos frescos e orgânicos por canais não ligados às redes tradicionais de supermercados e, com isso, o surgimento de uma linha de concorrência mais forte.
“Mas, o varejo alimentar – entenda-se supermercados e afins – é extremamente resiliente e adaptável, podendo rapidamente se ajustar à nova concorrência e superá-la ou absorvê-la”, ressalta Cortizo.
Varejo para além dos supermercados
A Arezzo&Co é a maior varejista fora do segmento supermercadista de Minas Gerais, com R$ 4,854 bilhões em vendas no ano passado. Esse montante representa um crescimento de 16% na comparação com 2022, quando a empresa registrou R$ 4,188 bilhões.
Além de ser a única empresa mineira do segmento de moda, calçados e artigos esportivos presente nesta edição do ranking, a companhia – dona de marcas como Arezzo, Vans e Reserva – também é a única com estrutura de capital aberto, listada e auditada. Todas as demais seguem o modelo de empresa de capital fechado.
A marca ainda faz parte do seleto grupo de grandes varejistas mineiras que possuem um conselho de administração constituído. Além da Arezzo&Co, as outras empresas com este tipo de organização são a Eletrozema e a Martins. Esta última possui um conselho estatutário.
As outras companhias do Estado presentes no ranking que não fazem parte do varejo supermercadista são a Eletrozema (R$ 2,5 bilhões), a Livraria Leitura (R$ 629 milhões) e mais duas empresas do segmento de drogarias e perfumarias.
De acordo com o estudo feito pela SBVC, em parceria com a Cielo, a Drogaria Araujo lidera o segmento de varejo farmacêutico, entre as empresas com sede em Minas, com R$ 3,801 em vendas, o que representa um avanço de 16% na comparação com o ano anterior (R$ 3,267 bilhões). Já a Farmácia Indiana registrou R$ 2,110 bilhões em vendas em 2023.
Cenário nacional
Não houve mudanças quanto às quatro primeiras posições no ranking das maiores varejistas brasileiras, na comparação com o observado na edição anterior. O Grupo Carrefour segue na liderança do setor, com R$ 115,458 bilhões em vendas no último ano.
Em seguida, aparece a rede Assaí Atacadista, que registrou crescimento de 34% no montante, fechando 2023 com R$ 72,8 bilhões. Magazine Luiza (R$ 45,591 bilhões) e Grupo Casas Bahia (R$ 36,919 bilhões) completam a lista das quatro maiores empresas.
Por outro lado, a rede de lojas de departamento Americanas caiu cinco posições na lista e ocupa, agora, o 10º lugar no ranking, com R$ 17,448 bilhões em vendas.
Confira a lista completa das dez maiores empresas do varejo no País:
- Grupo Carrefour (115,458 bilhões);
- Assaí Atacadista (R$ 72,8 bilhões);
- Magazine Luiza (R$ 45,591 bilhões);
- Grupo Casas Bahia (R$ 36,919 bilhões);
- RD Saúde (R$ 36,349 bilhões);
- Grupo Boticário (R$ 30,8 bilhões)
- Grupo Mateus (R$ 25,328 bilhões);
- GPA Alimentos (R$ 20,617 bilhões);
- Natura&Co (R$ 18,715 bilhões);
- Americanas (R$ 17,448 bilhões).
O fato de o “Top 10” contar com quatro companhias do segmento supermercadista reflete o cenário apresentado pelo estudo realizado pela SBVC e Cielo. A pesquisa aponta um avanço das redes varejistas de segmentos mais essenciais, como é o caso do atacarejo. O setor de supermercados corresponde a 52,8% das empresas presentes na lista e 52,3% do faturamento total.
Ranking das maiores empresas varejistas de Minas Gerais:
- Supermercados BH (R$ 17,388 bilhões);
- Martins (R$ 12 bilhões);
- Mart Minas (9,437 bilhões);
- Epa Supermercados (7,994 bilhões);
- Arezzo&Co (R$ 4,854 bilhões);
- ABC Atacado e Varejo (R$ 4,487 bilhões);
- Grupo Supernosso (R$ 4,143 bilhões);
- Supermercados ABC (R$ 4,135 bilhões);
- Supermercado Bahamas (R$ 4,013 bilhões);
- Drogaria Araujo (R$ 3,801 bilhões);
- Villefort (R$ 2,902 bilhões);
- Eletrozema (R$ 2,5 bilhões);
- Farmácia Indiana (R$ 2,11 bilhões);
- Verdemar (R$ 1,324 bilhão);
- Unissul Supermercados (R$ 1,302 bilhão);
- Tonin Supermercados (R$ 1,006 bilhão);
- SuperLuna Supermercados (R$ 951 milhões);
- Super Maxi (R$ 817 milhões);
- Supermercados Alvorada (R$ 686 milhões);
- Livraria Leitura (R$ 629 milhões);
- Supermercado Bernardão (R$ 604 milhões);
- Supermercados Rena (R$ 485 milhões).
Fonte: Diário do Comércio