06/04/2015 às 05h00
Por Gustavo Brigatto | De São Paulo
A Sony Mobile planeja chegar a 25 quiosques próprios para vender celulares, acessórios e tablets no Brasil neste ano. A meta significa multiplicar por cinco a rede que começou a ser montada no ano passado. A abertura dos quiosques faz parte do plano de investimento de R$ 250 milhões no Brasil em 2015. O valor é semelhante ao aplicado no ano passado. Além dos quiosques, a Sony pretende reforçar o marketing e a pesquisa e desenvolvimento no país. Ricardo Junqueira, presidente da empresa no país, diz que o investimento nos quiosques faz parte da estratégia de sustentar a percepção da Sony como uma fabricante de produtos premium. “Para fazer isso você tem que apresentar o portfólio completo, demonstrar as funções, o que não é difícil de fazer no varejo tradicional”, disse. Os quiosques se somam a oito lojas próprias que a Sony mantém no país, as Sony Center. A estratégia de espaços próprios já é uma velha conhecida das empresas de tecnologia no Brasil. Samsung, Apple e Nokia (hoje Microsoft Devices) têm os seus. A Nokia, que trabalha com franquias, tem 50 pontos no país, sendo 20 quiosques. Junqueira diz que os pontos não competem com varejistas tradicionais. Ajudam a aumentar as vendas de todos pois o consumidor passa a conhecer melhor os produtos. “No shopping Eldorado [na zona oeste de São Paulo] as vendas de produtos Sony dobraram depois que o quiosque foi instalado em agosto e têm mantido esse novo patamar desde então”. Atualmente, os cinco quiosques da marca estão instalados em São Paulo e no Rio. A ideia é expandir para outras regiões. Ao longo do ano, a companhia pretende reforçar características como a resolução e o tamanho da tela, a duração da bateria e a resistência à água de seus produtos. A expectativa é colocar no mercado seis novos modelos de smartphones e um novo tablet, número semelhante ao do ano passado. No momento, a companhia tem no varejo aparelhos com preços entre R$ 449 e R$ 2,7 mil. De acordo com Junqueira, a Sony tem se esforçado para manter os preços dos produtos que já estão à venda, mas começará a repassar o dólar mais alto aos modelos mais novos. No ano passado, a Sony cresceu 70% no Brasil. A expectativa para 2015 é avançar no ritmo do mercado. Em 2014, o mercado brasileiro de smartphones cresceu 44%, para 52 milhões de unidades segundo a empresa de pesquisa IDC. O posicionamento no segmento premium faz parte da estratégia da Sony de buscar rentabilidade na unidade de smartphones. A meta é fugir da disputa por preço com fabricantes chineses como a Xiaomi. Ao adotar essa postura, a Sony acirra a disputa com a Apple. De acordo com a empresa de pesquisa Strategy Analytics, a dona do iPhone ficou com 88,7% do lucro gerado com a venda de celulares em todo o mundo no 4º trimestre de 2014, um avanço de 18 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2013. Todos os fabricantes que usam o sistema Android, do Google, ficaram com 2,4%, metade da participação alcançada nos últimos três meses de 2013. No começo de fevereiro, o CEO do grupo Sony, Kazuo Hirai, chegou a dizer que poderia avaliar o abandono do mercado de smartphones. No ano passado, a companhia separou as áreas de TV e de computadores em operações independentes. Junqueira lembrou que há cerca de um mês executivos da Sony reforçaram o papel estratégico do negócio de smartphones e a meta de buscar crescimento com rentabilidade.
Valor Econômico – SP