Por Paulo Gratão | Pouco mais de quatro anos depois de estrear o modelo de negócio O Boticário Lab, o Grupo Boticário anuncia a primeira versão internacional do projeto, em Portugal, na capital Lisboa. O ponto funcionará no CascaiShopping e tem previsão de inauguração na próxima quinta-feira (25/7). Atualmente, existem três unidades do Boticário Lab no Brasil, sendo duas em São Paulo e uma em Curitiba.
O Boticário não divulga o investimento realizado, mas a imprensa portuguesa tem noticiado que a loja custou cerca de 200 mil euros (R$ 1,2 milhão, na cotação atual), mais do que o dobro do aporte médio para uma loja tradicional, equivalente a 90 mil euros (R$ 545 mil).
O Boticário Lab é um modelo de loja conceitual, com experiências imersivas de compras relacionadas aos produtos da marca. Nos espaços, o cliente pode personalizar perfumes e ter acesso a experiências limitadas, como drinks inspirados nas fragrâncias, por exemplo. O espaço também é utilizado para testar novidades, que depois podem ser replicadas para as quase 4 mil unidades da rede.
A decisão de levar o modelo para Lisboa antes de expandir no próprio Brasil foi estratégica: o país europeu já tem contato com os produtos de O Boticário há 38 anos – a marca entrou no país apenas nove anos após sua criação – e é considerado uma porta de entrada para outros países do continente. “Entendemos que faz todo sentido ter uma loja que conte mais da marca, levar um conceito mais experimental, que nos aproxime ainda mais do consumidor”, diz Catarina Parente, diretora-executiva de Brand Experience do Grupo Boticário.
De acordo com Maria João Santos, gerente sênior de marketing do Grupo Boticário em Portugal, o momento ajuda a coroar algumas conquistas da marca na região. “Nos últimos anos temos investido muito nas nossas lojas para trazer sofisticação e experiências, que começam no Brasil e depois chegam aqui. Estamos em um momento ótimo da marca em Portugal, com 98% de notoriedade, e somos a terceira marca em Top of Mind”, diz.
O modelo de negócio de O Boticário Lab, por si só, já carrega uma pegada mais forte de sustentabilidade. A loja de Lisboa deve elevar isso a um novo patamar, de acordo com as executivas, justamente por ter um comportamento de consumo mais maduro em relação ao tema.
A fachada da loja, por exemplo, foi construída com painéis acústicos ecológicos, feitos com 280 garrafas de iogurte recicladas. Outro destaque são as prateleiras da loja, que são feitas de polygood, um material de plástico 100% reciclado e reciclável. Esse plástico é proveniente de eletrodomésticos nas cores neutras, e os tons complementares vêm de talheres descartáveis ou outros aparelhos eletrônicos. Na cenografia também há plantas cuidadosamente selecionadas para dosar a necessidade de utilização de água, de acordo com Santos.
Também haverá ativações para educar o consumidor, como o refil de fragrâncias e a logística reversa de embalagens de qualquer marca, por meio do programa Boti Recicla – essas duas iniciativas já acontecem no Brasil.
Para a loja de Portugal, alguns elementos inéditos serão a Gift Station, que permite ao cliente personalizar a embalagem de qualquer presente, com opções de caixas, sacolas e cartões presente, e o Spa das Mãos, que consiste em uma “imersão sensorial nos aromas, texturas e benefícios dos produtos de banho e corpo, especialmente da linha Nativa Spa” – campeã de vendas no país europeu.
Mesmo com a internacionalização, Parente não descarta a abertura de novas unidades de O Boticário Lab no Brasil. De acordo com ela, o modelo está alinhado ao momento atual do cenário de consumo, e a ideia é levá-lo a outras capitais. “Tem um quê de entretenimento no varejo físico que gostamos de explorar na loja conceito”, diz.
Atualmente, O Boticário tem lojas em mais de 15 países, mas Portugal é um dos mais antigos no portfólio internacional da marca, presente desde 1986. Atualmente, a rede tem 60 lojas físicas no país (todas próprias), um e-commerce que atende a toda a Europa e a frente de revendedoras. A inauguração de O Boticário Lab em Lisboa é um primeiro passo para a internacionalização do projeto. Parente adianta que outras cidades portuguesas podem receber o formato, além de outros países na região.
Fonte: PEGN