Por Adriana Mattos | O grupo Carrefour no país ainda trabalha para venda de posição minoritária na sua área de propriedades, que inclui as áreas livres dos hipermercados Carrefour e do Atacadão, as galerias de lojas anexas e os espaços de estacionamento. A informação foi prestada pelo CEO, Stéphane Maquaire, em teleconferência com analistas.
São cerca de 200 imóveis que podem ser foco dessa operação, numa negociação em andamento com fundos e construtoras interessadas. O plano foi anunciado em 2022 e, até o momento, não foram comunicados avanços.
O Carrefour disse ainda, nessa terça-feira (23), que espera converter 40 hipermercados em lojas Atacadão e Sam’s Club entre 2024 e 2026. Em relação à abertura de lojas, a projeção são 20 novos Atacadão (eram 10 a 12, mas ontem isso foi atualizado) e entre 7 e 9 lojas Sam’s Club em 2024. Os dados já haviam sido apresentados pela varejista no fim de 2023, mas analistas questionaram a empresa sobre a manutenção das metas, que ainda são válidas.
A companhia ainda foi perguntada sobre ambiente de vendas e competição e disse que não houve atividade comercial “diferente” que poderia justificar a alta de vendas “mesmas lojas” de Atacadão. O CEO lembrou o alto volume de endividados no país, em 77 milhões, e que isso poderia explicar a busca de canais com menores preços, como é o atacarejo.
A respeito do desempenho de vendas, o vice-presidente de finanças, Eric Alencar, foi questionado por analistas sobre um menor pagamento de impostos, e como isso melhorou a venda líquida. As vendas brutas são ajustadas pelos impostos incidentes sobre as vendas (principalmente PIS/COFINS e ICMS), e isso origina a venda líquida.
“Os impostos passaram a ser contabilizados na saída das mercadorias, e não na entrada; mas importante dizer que a mudança não afeta lucro bruto, o efeito é zero. Esse peso do imposto de 9% a 9,5% foi a 7% e pouco, por causa dessa nova forma de contabilizar, mas deve voltar a 9%”, disse. “Tivemos uma mudança geográfica de vendas e de produtos com efeito nisso”, disse Alencar.
O CEO disse também que, no processo de sinergia com os ativos do Big, comprados em 2021, ainda falta converter 25% das lojas em Atacadão, “que é a parte mais importante do plano”. Foram convertidas 75% das lojas, e ainda falta avançar na sinergia com Big em sistemas de tecnologia da informação.
Banco do grupo
Em relação ao banco do grupo, o Carrefour disse que deve ter impacto R$ 150 milhões a R$ 200 milhões em Ebitda no segundo semestre com mudança nas regras do rotativo nas dívidas do cartão neste ano. Mas um melhor primeiro semestre do banco deve compensar piora no segundo semestre pelo efeito do rotativo.
A margem financeira do banco foi 42,9% de abril a junho, 0,7 pontos menor que a de um ano atrás, reflexo do fato de um terço da carteira já estar na nova política de juros para rotativo do cartão de crédito. Até o fim do ano, 100% da carteira estarão dentro das novas regras.
Segundo a resolução nº 5.112, do Conselho Monetário Nacional, de dezembro de 2023, a cobrança de juros do crédito rotativo fica limitada a 100% da dívida original, o que limita os ganhos financeiros das companhias privadas.
Fonte: Valor Econômico