Por Luana Franzão | Com a chegada do verão no Hemisfério Norte, a Alpargatas, dona da Havaianas, visa países do continente europeu para a expansão do mercado global da empresa de chinelos.
Populares no exterior, as sandálias brasileiras viralizam nas redes, e CEO aponta estratégias para o crescimento da marca.
Em entrevista à Folha, Liel Miranda, CEO da Alpargatas, disse que a Europa é prioridade para o crescimento da Havaianas na esfera internacional, com estratégias de investimento em marketing digital e abertura de loja-conceito em Paris durante as Olimpíadas.
“O fato é que a moda das Havaianas voltou com tudo, com os nossos chinelos se tornando um artigo-desejo. Aumentamos nossa presença na Escandinávia e em outras regiões da Europa”, diz.
Miranda afirma que o verão na região é uma estação importante para o crescimento da Havaianas e que a empresa prepara ações de marketing, “especialmente na Itália e na França, que são polos extremamente importantes para a marca”.
Entre outras iniciativas da Havaianas, o CEO cita a parceria com a italiana Dolce & Gabbana. Juntas, as marcas lançaram no último mês de junho modelos clássicos da empresa brasileira com estampas da grife de luxo, ganhando um preço mais elevado.
Miranda cita também o patrocínio aos atletas brasileiros nas Olimpíadas de Paris, onde a marca terá uma loja-conceito de 100 metros quadrados na Avenida Champs-Élysées durante o verão. “Como calçado oficial dos atletas brasileiros, não poderíamos deixar essa ocasião passar em branco”, afirma.
A Havaianas, segundo o CEO, está presente em mais de 100 países, como França, Espanha, Itália, Portugal, Estados Unidos e África do Sul, com operação própria ou por distribuidores. São 444 lojas espalhadas pelo mundo e 46 próprias.
“Um dos pilares da nossa estratégia atual é focar em mercados prioritários e ser consistente nos canais e geografias, visando fortalecer a consolidação da marca globalmente”, analisa Miranda.
A marca aposta em uma imagem de “leveza” e “liberdade” nas campanhas internacionais, adjetivos que ecoam alguns dos estereótipos associados à identidade brasileira no Hemisfério Norte. Para Miranda, entretanto, a “sensação de liberdade” e “momentos de alegria” estão ligados à “essência do brasileiro”. Na opinião do executivo, não há reforço dos arquétipos.
ALCANCE DIGITAL
Impulsionada pela popularização dos chinelos da marca nas redes sociais, a empresa tem visto seu produto se popularizar mundo afora.
No TikTok, a hashtag “havaianas” possui mais de 70 mil publicações. Nos vídeos, usuárias da rede de outros países aparecem usando Havaianas e falando sobre como chinelos de dedo serão a tendência do verão lá fora.
Miranda diz que o investimento em criadores de conteúdo e em plataformas, como o Instagram e TikTok, para alavancar o público internacional. “As redes sociais uma parte crucial da nossa estratégia de marketing global, uma vez que servem como vitrine para todas as nossas iniciativas de marketing”.
Segundo ele, a identidade brasileira da marca é um diferencial para a Havaianas no mercado global. “É a nossa fortaleza e os consumidores valorizam a história e a conexão com o Brasil. É uma marca que representa a brasilidade, nosso verão e jeito leve de ser do brasileiro”, analisa.
Miranda explica que a estratégia da marca procura valorizar a identidade do Brasil e que trazer esses elementos de leveza para a Havaianas no mercado internacional não reforça os estereótipos da imagem brasileira exportada para o exterior.
“Acreditamos que a nossa força e representatividade no exterior são motivos de orgulho tanto para brasileiros quanto para estrangeiros. Nosso desejo é que ela seja vista no mercado global como uma opção democrática, que atende todos os perfis de consumidores em várias ocasiões de uso”, conclui.
RAIO-X
Alpargatas, 117
A companhia é dona da Havaianas, líder em calçados abertos, da ioasys, empresa de inovação e tecnologia, e de 49,2% da Rothy’s, marca digital norte-americana de calçados sustentáveis.
Receita líquida em 2023: R$ 3,734 bilhões, sendo R$ 3,689 bilhões provenientes da marca Havaianas
Funcionários: 11.975, 233 atuando no exterior
Principais acionistas: Itaúsa S.A., Cambuhy I Fundo de Investimento em Ações e Cambuhy Alpa Holding S.A.
Principais concorrentes: Arezzo e Grendene
Fonte: Folha de S. Paulo