Por Luana Dandara | Prestes a completar 21 anos, a Lu, garota-propaganda digital do Magazine Luiza, com milhões de seguidores, ganha uma nova aparência e, com isso, a expectativa de gerar mais negócios para a varejista. A influenciadora virtual, que chega a ser tratada como uma pessoa de verdade por consumidores, passou por um processo de melhoria da qualidade gráfica e conta, agora, com resolução em 16K.
A tecnologia foi desenvolvida durante oito meses pela produtora LightFarm com coordenação da agência de publicidade Droga5.
Com a mudança, as produções com a Lu ficarão mais rápidas e diversificadas, o que aumenta as possibilidades de uso em anúncios, principalmente audiovisuais, incluindo aparições “ao vivo”.
Lu, com 32 milhões de seguidores nas redes sociais, é a influenciadora digital de maior audiência do mundo, à frente da Barbie, segundo o portal americano especializado Virtual Humans.
Na nova aparência, são mantidas as características da Lu já conhecidas do público como o cabelo preto e curto. Mas um novo traje padrão aparece, com um blazer em formato de vestido em azul, cor característica da marca. A tecnologia simula a pele humana e corrige proporções.
Como parte da estratégia de marketing, a varejista vai usar a Lu para lançar amanhã (2) um desafio no TikTok. A ideia é que os usuários da rede social, em duplas, postem vídeos demonstrando situações humanas que a Lu, sendo virtual, não poderia experimentar. O vídeo mais criativo será presenteado com um celular. O objetivo é “gerar engajamento na plataforma e uma troca com a audiência”, diz a diretora de marketing do Magazine Luiza, Silvia Machado.
A imagem repaginada da Lu também vai aparecer na TV pela primeira vez na próxima semana, em um anúncio de marca ainda guardado em segredo pela Magazine Luiza. “Essa é a primeira campanha de grande impacto em que a Lu foi contratada como garota propaganda. Só podemos adiantar que é uma grande marca, não comercializada dentro da nossa plataforma”, disse Machado.
A procura pela Lu na promoção de marcas começou em 2017 e, só no ano passado, foram 70 ações publicitárias. “As marcas observaram a conexão emocional que a Lu tinha com as pessoas e passaram a nos procurar. Desde então, essa demanda só tem aumentado”, diz a diretora. “São muito claros a relevância e o impacto da Lu na marca e no negócio. Hoje, ela mais do que se paga, trazendo uma monetização muito relevante para nossos resultados no Magalu”.
A garota-propaganda digital do Magazine Luiza foi desenvolvida em 2003. Na época, o nome era Tia Luiza e o objetivo era apoiar e gerar confiança ao consumidor em relação às compras no e-commerce da marca, que estava no início. “Ela foi uma das maneiras de levar o calor humano característico das lojas físicas do Magalu para o [ambiente] on-line”, disse Machado.
Em 2008, a influenciadora ganhou o nome de Lu e passou pela sua primeira atualização de aparência. Em 2013, foi atualizada novamente do modelo 2D para 3D, permanecendo com a mesma estética visual até a nova versão, lançada hoje.
“A Lu nunca perdeu a função de vendedora e assistente, mas foi tendo seu papel e sua importância ampliada, principalmente no fortalecimento da marca. Ela é muito mais do que um avatar e ganhou o papel de influenciadora, captando a confiança do consumidor e engajando de forma criativa. Atualmente, 80% da nossa venda é on-line, e o Magazine Luiza conseguiu fazer essa transformação sem perder os valores e a cultura. A Lu teve um papel fundamental nisso”, diz a executiva.
Outro ponto importante na estratégia de marketing da empresa é o programa de influenciadores Magalu. Ao se cadastrar na plataforma, a pessoa cria uma “loja” e pode compartilhar ofertas do Magazine Luiza pelas redes sociais. A cada venda, é recebida uma comissão que varia de 2% a 12%. Ao todo, a marca já soma mais de 200 mil cadastrados no programa.
A repaginação da Lu ocorre depois de um ano difícil para a varejista. Em 2023, o Magazine Luiza acumulou prejuízo líquido de R$ 550 milhões, com alta de 48% sobre 2022. A receita líquida caiu 1,4% e somou R$ 36,8 bilhões. No primeiro trimestre os indicadores melhoraram. A empresa teve lucro líquido de R$ 28 milhões – havia tido prejuízo de R$ 391 milhões um ano antes. As vendas totais cresceram 3,1% para R$ 16 bilhões.
A varejista também abriu um novo negócio com uma empresa que até pouco tempo atrás era considerada uma rival importante. Há uma semana, anunciou parceria para venda de parte dos produtos do AliExpress, do Alibaba, em seu marketplace. O Magalu também irá vender no site e aplicativo do AliExpress seus produtos próprios, como eletrônicos. A operação vai começar no terceiro trimestre.
“É uma parceria muito complementar que vai expandir nosso sortimento, fortalecendo nossa venda e aumentando nossa base de clientes. Estamos preparando uma campanha de marketing de lançamento para ser veiculada em nossos canais para dar visibilidade a essa parceria. E, claro, ela vai envolver a Lu com a aparência repaginada”, contou a diretora.
Fonte: Valor Econômico