Por Genilson Cezar | Baixo investimento inicial, numa faixa de R$ 140 mil a 300 mil, montagem de minilojas em áreas pouco exploradas comercialmente, com apenas dois ou três funcionários, para operar com custo reduzido e alta rentabilidade são instrumentos estratégicos de redes de franquias do país em busca de novos negócios em cidades pequenas do interior brasileiro, longe dos grandes centros urbanos.
A Royal Face, uma rede de clinicas estéticas, mercado em plena ascensão, investiu em um modelo de clínicas compactas, de 60 a 80 m2, em cidades de até 100 mil habitantes, do Nordeste e Centro-Oeste, oferecendo um portfólio de mais de 40 tratamentos estéticos. O investimento para o franqueado é de R$ 257 mil. “Com isso, não apenas alcançamos um mercado cada vez mais distante, como conseguimos atingir mais potenciais empreendedores”, diz André Alves, CEO da Royal Face, que registra hoje mais de 300 franquias no país.
A Casa de Bolos, maior rede de franquias de bolos do país, lançou o modelo de minilojas há dois anos, depois de projetos-pilotos na região de Ribeirão Preto (SP), e já conta com 35 unidades em operação, nesse formato, e mais 13 em processo de implantação, em pequenas cidades do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Sergipe, Pernambuco, Bahia e Mato Grosso do Sul, entre outros estados.
“Nossa preocupação era buscar oferecer um modelo de lojas mais enxuto, que pudesse atender cidades pequenas, com investimento menor e custo operacional reduzido, para atender uma camada de consumidores de baixa renda”, conta Mariana Monroy, gerente comercial da Casa de Bolos. Segundo ela, a previsão da rede é sair do patamar de 500 lojas abertas em 2023, para 600 lojas este ano. O faturamento deve aumentar de 15% a 20% sobre os R$ 497 milhões registrados no ano passado.
Os novos modelos de negócios são bastante variados e inovadores. A Milon, marca de vestuário infantil do Grupo Kyly, apostou no modelo “open front”, uma loja sem vitrine, para permitir rápida visualização dos produtos, além de proporcionar acesso mais fácil para famílias com crianças pequenas que usam carrinhos. Uma das primeiras lojas “open front” foi aberta em maio, no Shopping Cariri, em Juazeiro do Norte (CE). “Nosso plano de expansão contempla cidades do Nordeste que contam com um perfil de consumo adequado aos nossos produtos”, conta Claudinei Martins, diretor-executivo do Grupo Kyly. Em 2023, a Rede Milon registrou uma receita de R$ 150 milhões e projeta crescimento de 20% este ano, informa Martins.
Também faz parte das estratégias, claro, cativar o público infantil. A Calçados Bibi, atualmente com 150 franquias no país, desenvolveu um projeto de retrofit das suas lojas. O objetivo, segundo Camila Kohirausch, diretora de marca e varejo da Calçados Bibi, é abrir espaço para uma imersão dentro do universo da marca em uma área “instagramável” instalada na frente da loja, para atividades interativas com as crianças. “A ideia é reproduzir o conforto dos produtos da marca Bibi”, diz Camila.
Uma das redes de maior tradição nas praças de alimentação dos shoppings, a Divino Fogão investiu no modelo de “dark kitchen”, também conhecida como cozinha invisível. Segundo Reinaldo Varela, presidente do grupo, o objetivo é ampliar a presença da rede em áreas onde não existem centros comerciais ou em regiões com grande fluxo de pessoas. É um modelo 100% delivery, que não requer espaço amplo. Já são mais de 20 pontos de vendas neste formato, em pequenas cidades do Paraná, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Estados do Nordeste, e a meta é chegar ao fim do ano com mais de 10 novas operações.
Com 4 mil lojas no modelo franchising espalhadas por todo o país, o Grupo Boticário intensifica as inaugurações em pequenas cidades do interior. Um dos novos modelos é uma loja sustentável, em formato de container, onde cada unidade é construída a partir de uma tonelada de embalagens do Boti Recicla, programa de logística reversa do grupo, que são transformadas em blocos usados para piso, parede e teto do container.
Além disso, a empresa reforça o marketing regional. No ano passado, realizou em várias cidades do Centro-Oeste a campanha “Amor pelo coração do Brasil”, com participação das artistas sertanejas Maiara e Maraisa, e uma campanha especialmente dedicada ao Dia do Nordestino. “A intenção é estar sempre mais próximo do consumidor”, diz diz Rafael Marconi, diretor executivo de vendas e franquias do Grupo Boticário.
Fonte: Valor Econômico