Por Jessica Chalegra | A ascensão da Inteligência Artificial desencadeou uma revolução significativa em diversos setores, e o Grupo Carrefour Brasil não é exceção a esse transformador. Dentro do processo de adesão às novas tecnologias, a empresa passou por algumas mudanças significativas que resultaram na otimização de seus processos. Na companhia, há uma parte de Inteligência Artificial (IA) focada mais em modelos e quantitativos, e outra parte de LLM (Large Language Model). Mas para Samuel James, CDO do Grupo Carrefour Brasil, o potencial da empresa como um todo é muito maior na primeira categoria.
“Quando pensamos em abastecimento de loja, por exemplo, temos um modelo de IA em desenvolvimento para essa finalidade. Dada a complexidade do negócio, temos milhares de SKUs (Stock Keeping Unit), mais de 15 mil lojas em diferentes regiões, com diferentes climas, feriados e mais. A complexidade de uma pessoa decidir quanto de alface enviar para determinada loja amanhã, é extremamente difícil de acertar, dada a quantidade e todos os fatores envolvidos. Então, estamos desenvolvendo modelos de abastecimento que estão em teste agora. O exemplo com alface é ótimo. Conseguimos, com esse modelo, reduzir pela metade as quebras que temos em alface, sem sacrificar as vendas”, explica James.
Isso tem se replicado em outras categorias dentro do Grupo Carrefour Brasil. Então, há um potencial enorme quando são extrapolados esses números para uma empresa que fatura mais de R$ 100 bilhões por ano. Vale lembrar ainda que a empresa tem feito o mesmo para precificação, por exemplo, usando modelos de elasticidade. E a mesma prática se aplica a várias vertentes de sortimento. Nesse cenário, o Grupo Carrefour Brasil se vê diante de muitas oportunidades e se diz muito confiante de que a IA transformará suas operações nos próximos anos nesse sentido.
“Já temos chatbots, e temos também a capacidade de receber pedidos por WhatsApp. Você envia uma lista de compras, ele cria um carrinho. Minha aposta é que isso se tornará cada vez mais relevante. O brasileiro adora o WhatsApp. Então, estamos trabalhando para que isso se torne algo semelhante a trocar mensagens com seu parceiro, ou parente, sobre o que comprar no mercado. Ele criará uma lista e enviará para sua casa, ou se você preferir ir até a loja e comprar. Acredito que isso tem um potencial muito alto. O potencial de receber áudio e traduzir em uma lista de compras é algo em que também estamos trabalhando. Então, por parte do LLM, acredito que para a experiência do cliente, é muito visível e pode impactar muito e melhorar bastante a experiência”, reforça o CDO da empresa.
Desafios da transformação digital no Grupo Carrefour Brasil
Sendo uma empresa com muita história, não só no Brasil, mas também em outros países, dentro do Grupo Carrefour a transformação digital parte também de uma mudança cultural. Essas mudanças exigem, por exemplo, a capacitação da equipe para lidar com as inovações disponíveis.
“Quando falo de pessoas, acho que o principal desafio que tive ao entrar foi construir um time capaz de entregar essas mudanças. Estou há quase dois anos no grupo. Falando, por exemplo, de Inteligência Artificial, tive que buscar pessoas capazes de construir esses produtos e entregar essas soluções no nível técnico necessário. Uma vez que essas pessoas estão no lugar, a parte técnica é até a mais fácil do negócio. Não que os problemas sejam fáceis de resolver, mas são questões que podem ser trabalhadas em um ritmo acelerado”, pontua James.
Por outro lado, existe o desafio cultural. Ou seja, a empresa está habituada há um processo há décadas, e precisa se adaptar a trabalhar de uma forma diferente. Essa mudança não requer apenas colocar novas tecnologias no negócio, mas todo o time deve estar engajado em usar as inovações para que os novos processos deem certo.
“Tudo tem que ser mudado em prol dessa transformação, que é uma mudança cultural bastante grande. Eu tive sorte, de certa forma, que veio coladinha com a minha entrada. Foi a transação, e a empresa já estava em um momento de transformação cultural. Criamos uma nova cultura, que tinha muito a ver com digital, com muito a ver os valores, e etc. A cultura é uma coisa que nunca está completa; você nunca termina e sempre está em trabalho”, finaliza.
Fonte: Consumidor Moderno