Por Ana Luiza Tieghi | A distribuidora de painéis de madeira e produtos para marcenaria Leo Madeiras completou 80 anos em 2023 e almeja faturamento de R$ 1,7 bilhão neste ano, apenas com suas lojas próprias. Ao contabilizar também as franquias, a estimativa é chegar a R$ 3,5 bilhões. No ano passado, o faturamento dos negócios próprios foi de R$ 1,5 bilhão e, da rede toda, de R$ 3,2 bilhões.
A empresa pertence à família Seibel, uma das mais ricas do país, e é comandada desde 2013 por Andrea Seibel, que assumiu a presidência deixada por seu tio, Hélio, após uma tentativa de profissionalização que não deu certo. “Ele é o grande empreendedor”, afirma. “Foi quem, ao longo de 40 anos, levou a Leo de uma distribuidora de madeira para o mercado da marcenaria”.
Além da Leo Madeiras, do family office e de investimentos em private equity, os Seibel dividem com a Itaúsa o controle da Dexco, antiga Duratex, fabricante de painéis de madeira e materiais de construção, listada na bolsa. A família tem 20,4% das ações, enquanto o bloco Itaúsa possui 40,8%.
Com cerca de 20% de participação no mercado de distribuição de madeira no país, chegando a 25% na cidade de São Paulo, a Leo compra material da Dexco, mas também de outros produtores, ressalta Seibel, citando Arauco, Guararapes e Eucatex entre os maiores fornecedores. “A negociação é muito forte, é um produto ‘semi-commoditizado’”, diz.
A família ainda foi sócia do grupo francês Adeo, dono da Leroy Merlin, e participou da chegada do home center ao Brasil, há 27 anos. Ficou na sociedade por 20 anos, mas já vendeu sua participação. Outra incursão no varejo de materiais para o consumidor final não é cogitada, afirma Seibel. A Leo é B2B (“business to business”).
A experiência com Dexco e Leroy ajudou a executiva a conhecer e comparar os funcionamentos de negócios de capital aberto e fechado. Ela vê o controle familiar da Leo como positivo, por dar mais autonomia. Mesmo assim, a empresa também investe em governança. A companhia tem conselho de administração com maioria independente e é auditada. “Ser empresária é um privilégio, mas antes é uma responsabilidade, porque é um legado.”
Uma abertura de capital não é descartada, mas só se forem necessários recursos externos para crescer. “Se um dia for a hora, quero abrir e nem sentir a mudança”, diz.
Além da distribuição de madeira, usada em móveis sob medida, a companhia tem uma fintech, para atender marceneiros, uma escola de marcenaria e investe em um modelo diferente de produto.
Seibel conta que a Leo Sob Medida foi criada a partir de uma provocação sua sobre a dificuldade dos marceneiros para acumular dinheiro. Para ela, há muito desperdício de madeira no sistema tradicional de trabalho desses profissionais. A empresa começou, então, a oferecer a fabricação própria dos móveis, a partir do projeto criado pelos marceneiros, que depois montam o produto na casa do cliente. O profissional paga a Leo pela fabricação das peças, mas não precisa ter espaço e equipamentos dedicados a isso, nem contratar mais mão de obra.
Ainda uma parte pequena do negócio, Seibel vê a Leo Sob Medida respondendo por um terço das receitas da empresa no futuro. “Mas não temos pressa”, ressalta. Há um showroom na avenida Rebouças, na capital paulista, e outro em Alphaville, e serão inaugurados novos pontos no bairro paulistano Anália Franco e em Santos (SP). Uma segunda fase de expansão deve incluir o Rio.
Há 20 anos, havia dúvida na empresa sobre a continuidade da profissão do marceneiro. “Se ele morrer, morremos junto, então começamos a desenvolver serviços industriais”, diz a executiva.
O receio, no entanto, foi embora. Para Seibel, o móvel sob medida segue desejado, e é ainda mais relevante para os imóveis pequenos, a maioria dos lançamentos atuais, por permitir um melhor uso do espaço.
A companhia tem hoje 130 lojas, em todos os Estados do país. Destas, 30 são próprias – também trabalha com o modelo de franquias. Neste ano, deve abrir outras 16, sendo 10 próprias.
Fonte: Valor Econômico