Por Adriana Mattos e Helena Benfica | O varejo brasileiro movimentou R$ 1,4 trilhão em vendas brutas em 2023, uma alta nominal de quase 8% sobre o ano anterior, segundo a NielsenIQ, acima da inflação do período — algo sustentado mais por aumentos de preços do que por volume vendido. Trata-se do faturamento dos canais de venda de produtos alimentares, medicamentos e eletrônicos nas lojas e sites.
Isso não deve mudar muito neste ano, com crescimento ancorado em inflação, e também no perfil dos produtos vendidos (lançamentos e novas versões de produtos, por exemplo tendem a ter preços mais elevados).
Para 2024, a empresa de pesquisa, uma das mais tradicionais do mercado, prevê avanço de 9,2% nas vendas – acima, portanto, do ritmo de expansão do ano passado. Ocorre que mais de 70% dessa alta ainda devem vir das estratégias de preços e do mix vendido nas lojas. Se alcançar esses 9% de alta, a venda vai a pouco mais de R$ 1,5 trilhão neste ano.
Para 2024, em relação ao volume comercializado, a projeção é de alta de 2,2%, abaixo do avanço de 2,6% em 2023. E não se trata de efeito, neste ano, de uma base forte de 2023, já que o ano passado teve um desempenho geral modesto considerando o real potencial do consumo no Brasil.
“Nós vemos 2024 muito parecido com 2023 em alguns aspectos. O ano começou bem até os primeiros meses, e depois já desacelerou de novo”, disse nessa terça-feira (11), o diretor-geral da NIQ no Brasil, Alfredo Costa.
Os dados fazem parte do levantamento “Da Crise à Trend” da NielsenIQ, publicado nesta terça-feira e que aborda a evolução no consumo brasileiro desde o Plano Real, e as fases que esse mercado enfrentou durante esses 30 anos.
Apesar da queda nos níveis de desemprego e na inflação, o ainda elevado endividamento da população e a falta de confiança do consumidor na economia são apontados como os principais responsáveis por esse cenário.
No que diz respeito aos canais, o levantamento mostrou que, em 2023, o atacarejo alcançou o maior nível de penetração, atingindo 72,3% dos lares brasileiros, impulsionado principalmente pela abertura de novas lojas.
A venda on-line segue em expansão e se consolidou como um canal importante de compra para categorias de consumo massivo, com destaque para alimentos e bebidas e cosméticos e perfumaria.
Fonte: Valor Econômico