Por Adriana Mattos | A direção do Grupo Mateus voltou a trazer ao mercado, em teleconferência na manhã desta quinta-feira (09), o tema das pressões das despesas operacionais sobre os resultados, como reflexo do crescimento orgânico.
Além disso, a companhia ainda trouxe esclarecimentos a respeito do fim da subvenção para investimentos, segundo medida aprovada pelo governo no ano passado.
Esse é um ponto que tem sido principal no debate da empresa junto a gestores e analistas desde o segundo semestre de 2023.
O benefício reduzia a alíquota tributária e melhorava o lucro de empresas de certos segmentos, e era favorável, especialmente, ao Mateus.
A medida faz parte da Lei 14.789/2023, que altera as regras de tributação de incentivos fiscais para investimentos concedidos por Estados no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Mesmo com os “desafios tributários”, com o aumento do ICMS em alguns dos Estados onde a companhia atua, e o aumento de impostos ligados à subvenção, o grupo conseguiu manter o lucro estável em relação ao ano anterior, disse Túlio Queiroz, vice-presidente financeiro e diretor de relações com investidores.
“Viemos com contramedidas, com a empresa fazendo a compensação de prejuízo fiscal acumulado em períodos anteriores, no total de R$ 61 milhões, o que beneficiou o imposto de renda em R$ 21 milhões”, disse Queiroz.
Desta forma, a alíquota efetiva de IR encerrou o trimestre em 11,9%, o que ajudou no lucro líquido, que acabou ficando estável.
“A ideia é fazer um redesenho do planejamento fiscal do grupo, e algo sólido e preservando todo o nível de risco futuro. Temos falado desse tema com o mercado desde segundo semestre de 2023, e vamos continuar”, disse ele.
A empresa afirmou que a rede fará essa apropriação trimestre a trimestre, e deve ir monitorando o quadro até fim do ano.
Somado a isso, houve uma ajuda nos resultados de aumento de preços.
Durante o trimestre, segundo a rede, a pressão de impostos foi parcialmente mitigada pelo repasse gradual de preços entre fevereiro e março.
Apesar desses impactos tributários, Jesuino Martins, CEO da empresa, disse hoje que a companhia, estava “muito feliz” com o resultado final estável e o Ebitda.
Em relatório de analistas hoje, o tema fiscal foi destaque.
A Genial Investimentos destacou que, como se esperava, a rentabilidade do trimestre foi impactada pelo aumento da alíquota de ICMS em cinco estados onde o grupo atua.
Porém, a companhia realizou uma reclassificação entre linhas neste trimestre, passando a alocar o valor referente às verbas com fornecedores no custo de mercadorias – valor que antes transitava pela linha de “outras receitas”.
Essa reclassificação, diz a Genial, impede os analistas de verem o impacto efetivo do aumento do ICMS sobre a margem bruta, além de tornar a estimativa não comparável com o número reportado.
“Entendemos que, com essa nova contabilização, o efeito positivo das verbas com fornecedores compensou o efeito dos impostos, permitindo uma expansão de 30 pontos da margem bruta”, disse a Genial.
Além desse tema, o comando mencionou que irá trabalhar mais para aumentar a diluição de despesas no grupo, “já que as despesas [sobre a receita] cresceram e tem que começar a diluir”, disse Ilson Mateus, fundador da rede.
As despesas totais representaram 15,4% da receita líquida de janeiro a março, uma pressão de 0,3 pontos em comparação ao mesmo período no ano anterior.
O processo de crescimento orgânico tende a elevar essas despesas com vendas e gerais pelo aumento no número de lojas e galpões.
As despesas operacionais atingiram R$ 1,1 bilhão no de janeiro a março, o que representou um aumento de 29,1% em comparação ao primeiro trimestre.
As despesas com vendas tiveram uma alta de 33,9% e somaram R$ 1 bilhão. O crescimento dessa linha deve-se, principalmente, à inauguração de 23 lojas nos últimos doze meses, e maiores despesas de rescisão.
“Isso é resultado do início dos trabalhos focados em produtividade, que estamos começando a fazer”, disse Queiroz.
Já as despesas administrativas totalizaram R$ 98,3 milhões, uma queda de 6,5% versus o primeiro trimestre.
Cerca de 99% do resultado da rede no primeiro trimestre veio de volume, porque o preço se manteve estável, e também ao aumento no número de tíquetes nas lojas, e isso ocorreu nas redes de atacado e varejo, informou o CEO.
Fonte: Valor Econômico