Por Márcio Kroehn | A divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Lojas Renner será diferente. A sede da empresa em Porto Alegre está com ocupação reduzida e praticamente limitada aos gestores da rede varejista. Os demais funcionários estão em home office ou ajudando como voluntários na tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul.
A sede da Renner não está debaixo d’água, como muitas localidades na capital gaúcha, mas a rede varejista fundada em 1912 no Rio Grande do Sul pelo descendentes de alemães Antônio Jacob Renner está consternada e mobilizada para ajudar no que for preciso.
Em meio às ações coordenadas com a Defesa Civil para doação de 80 mil peças de roupas e calçados até quarta-feira, 8 de maio (outras 300 mil estão prontas à espera da identificação das necessidades dos desabrigados), a compra de 60 mil litros de água e a disponibilização do centro de distribuição para receber o que vem de parceiros de fora do Estado, o CEO Fabio Faccio e o CFO Daniel dos Santos preparavam os números corporativos a serem informados ao mercado.
“A saúde financeira é um dos nossos quatro pilares, ao lado da proteção às pessoas, apoio à comunidade e ser essa ponte com parceiros de fora do Estado”, diz Faccio, em entrevista ao NeoFeed. “Geramos um bom resultado, dentro da expectativa, mas que deve ser mais consistente do segundo semestre para frente.”
Os crescimentos mais expressivos no primeiro trimestre de 2024 vieram do lucro líquido e do Ebitda, que aumentaram 198%, para R$ 139,3 milhões, e 50,1%, para R$ 377,9 milhões, respectivamente.
Nos primeiros três meses do ano, a Renner teve uma expansão de 9% na receita de vestuário (seu core) ante uma expansão abaixo de 2,5% dessa categoria no mercado. A receita líquida do varejo foi de R$ 2,46 bilhões no período.
A rede varejista decidiu mexer na sua oferta de produtos e investiu em peças mais comerciais, ou seja, com preços de entrada menores e mais itens à disposição do consumidor. A preocupação dos analistas do mercado era que essa decisão poderia pressionar as margens. Mas o resultado de 54,5%, 0,4 ponto percentual maior que no primeiro trimestre de 2023, mostrou o acerto na escolha do mix.
“Mostramos que é possível com uma coleção acertada e uma composição diferenciada de preços”, diz Santos. “E com geração de caixa de R$ 200 milhões e gestão do capital de giro.”
A posição de caixa da Renner fechou o trimestre em R$ 2,4 bilhões, com um caixa líquido de R$ 1,0 bilhão. A posição é 13,3% menor do que no mesmo período do ano passado em razão da decisão de distribuir proventos aos acionistas.
A confiança de Faccio na melhoria de resultados a partir da segunda metade do ano vem do encerramento do processo de investimento em tecnologia no centro de distribuição para abastecimento das lojas. A ideia é ter coleções mais assertivas, uma integração maior com as lojas e produtos mais personalizados para o consumidor.
“Investimos no modelo de abastecimento para sermos mais relevantes e assertivos. Poderíamos ter vendido mais e gastado menos, mas o final dessa estabilização vai ter um impacto tanto para os clientes como nos resultados”, afirma o CEO da Renner.
As despesas operacionais da rede varejista no primeiro trimestre subiram 2,7%, para R$ 1,03 bilhão.
Parte importante da engrenagem do varejo, a Realize teve uma redução de 7,1% na carteira de crédito, para R$ 5,75 bilhões no primeiro trimestre de 2024 em razão das restrições na concessão ao longo do ano passado. Havia a necessidade de reduzir as perdas da unidade de soluções financeiras. A inadimplência caiu 1,1 p.p. em 12 meses, para 4,4%.
“Estamos em linha com a trajetória indicada para este ano. Será reconfortante para o mercado ver que estamos na direção correta do que vínhamos indicando e que está sendo cumprido o que é indicado para dezembro de 2024”, afirma Santos.
Com alta de 5,8% no pregão de quarta-feira, 8 de maio, a ação da Renner (LREN3) está em queda de 2,45% no ano. O valor de mercado é de R$ 16,2 bilhões.
Fonte: Neofeed