Por Isabela Rovaroto | Agora o Bacio Di Latte também é picolé. A marca de gelato inaugurou nesta semana sua primeira loja de picolés no Shopping Higienópolis, em São Paulo. A loja oferece algumas opções de totens e coberturas para que os clientes montem um picolé personalizado. O sorvete em palito chamado de Picolé Insano é vendido a partir de R$ 23,90.
O picolé tem ganhado destaque no mercado de sorvetes brasileiro. De acordo com dados da consultoria Kantar, o faturamento de picolés fora de casa ultrapassou o de sorvetes em potes pela primeira vez em quatro anos, chegando a R$ 1,3 bilhões no acumulado de 12 meses até julho de 2023.
Com a nova frente de negócio, o fundador italiano Edoardo Tonolli tem alguns objetivos: atrair a geração Z com uma proposta mais divertida; aumentar o número de lojas em shoppings, que hoje concentram cerca de 80% das unidades; e ofertar uma gama maior de produtos para conquistar cada vez mais espaço no varejo. Com isso, a expectativa é faturar R$ 800 milhões, alta de cerca de 20%.
A ideia de criar uma loja especializada em picolés surgiu depois que um quiosque dedicado ao produto bombou no Leblon, no Rio de Janeiro. Os executivos da empresa não sabiam se o público receberia bem o picolé da marca. Mas, após o teste, decidiram apostar na nova frente de negócio.
“O resultado da campanha temporária nos surpreendeu. Os clientes formavam fila para comprar o picolé. Ali vimos uma nova oportunidade de crescimento”, diz Edoardo Tonolli, sócio-fundador do Bacio Di Latte.
Com a nova unidade, a marca de gelato chega a 175 lojas em operação no Brasil, além de quatro unidades nos Estados Unidos. Até o final do ano a expectativa é abrir cerca de 30 pontos de venda, entre lojas tradicionais, lojas de picolés e quiosques.
“Com as lojas de picolés, a Bacio vai se aproximar do público mais jovem e conseguir abrir novas lojas em shoppings onde já atuamos”, diz Tonolli.
Como o Bacio Di Latte foi criado
Nascida na rua Oscar Freire, em São Paulo, a Bacio di Latte usa desde 2011 a receita italiana na fabricação dos sorvetes, e que por isso são chamados de gelatos. Isso quer dizer que os sabores levam mais creme de leite e leite do que os sorvetes comuns, o que os deixa mais cremosos, explica Tonolli.
O negócio nasceu de uma insatisfação: Tonolli trabalhava na empresa de sua família na Itália, no mercado financeiro, e não se sentia realizado. “Eu não me encontrava muito bem, não conseguia ver o que eu vendia, achava sem sentido”, conta.
Decidiu se arriscar pelo Brasil com o sócio escocês Nick Johnston, e resgatar uma velha ideia de negócio: uma gelateria, sorveteria do tipo que a Itália conhece bem, mas que ainda é novidade na maior parte dos países.
O investimento para começar o negócio foi de R$ 1,2 milhão. Em 2016, com a marca já em expansão, o empreendedor foi em busca de um investidor para alavancar o crescimento da gelateria. Foi então que recebeu um aporte de R$ 25 milhões de um fundo de investimento Grupo TMG Capital, que hoje detém 32% da marca.
O modelo de negócio
Um grande diferencial do modelo de negócio do Bacio é o preparo dos sorvetes, que é feito diariamente nas lojas. Das 175 unidades espalhadas pelo país, 70% preparam o sorvete in loco. As demais, em especial os quiosques, que possuem estrutura reduzida, recebem o produto de uma cozinha central localizada em Cotia, na Grande São Paulo.
Ir além das lojas próprias tem sido o foco de expansão da Bacio nos últimos anos. Desde 2020, a marca conta com uma fábrica em Minas Gerais focada na produção de sorvetes em potes para o varejo.
Presente em 3.000 pontos de venda, em boa parte deles com um freezer próprio da marca, o varejo já representa 20% da receita da companhia. Até o fim do ano, os picolés devem representar 5% desse resultado.
“O picolé incrementa nossa oferta ao varejo e facilita a expansão dos pontos de vendas. A expectativa é chegar a 4.000 até o fim do ano”, diz Tonolli.
Fonte: Exame