Por Cibele Gandolfo | Depois de quatro meses de um sucesso estrondoso no TikTok, que levou pessoas a ficarem na fila para comprar por até duas horas, a loja de importados Busca Busca, do chinês Alex Ye – o Chefe do Benefício -, está de endereço novo.
Chamado de Espaço Busca Busca, trata-se de um complexo que ocupa o primeiro andar inteiro do recém-reformado Shopping Plaza Polo, no bairro do Brás, e deve tomar em breve os demais quatro andares do shopping.
No sábado da inauguração, dia 30 de março, cerca de 30 mil pessoas estiveram no local. A expectativa de fluxo diário médio é de 20 mil consumidores, segundo os administradores do shopping.
O primeiro endereço, inaugurado em dezembro na Rua Rodrigues dos Santos, ficou pequeno para tanta gente. Além das filas de horas do lado de fora todos os dias, os produtos sumiam das prateleiras antes mesmo da hora do almoço.
Quando criou o Busca Busca, Alex Ye já planejava mudar sua área de atuação, mas não esperava que fosse tão rápido.
“Minha estratégia nunca foi ser um lojista. Comecei assim, obviamente, com lojas de roupas no Brás, e depois criei a Busca Busca. Mas queria ser a ponte entre os importadores e os consumidores, para que eles pudessem comprar diretamente da fonte com os melhores preços do Brasil”, revela o empresário, de 36 anos, nascido na China, mas que vive no Brasil há 30 anos e mantém negócios por aqui desde seus 19 anos.
“Minha ideia era tornar a marca Busca Busca conhecida para depois ser o curador disso tudo, junto com uma plataforma para atacadistas e expansão para franchising. Em apenas um mês, a loja virou um sucesso e lá ficou pequeno. Tive que fechar e ampliar”, explica o Chefe.
O novo Espaço Busca Busca ocupa o primeiro andar do Shopping Plaza Polo, dividido em boxes de 10 a 12 metros quadrados, e opera no modelo de atacarejo.
Os demais quatro pisos estão ainda fechados, em reforma, mas já estão reservados para o Espaço Busca Busca, que está em negociações com a administradora.
Cada importador exibe seus produtos embaixo da chancela Busca Busca e de Alex Ye. Há regras para operar no local e também padronização da operação, como, por exemplo, as formas de pagamento. Os clientes podem pagar em dinheiro ou via PIX e ainda com cartão de débito com juros, no crédito à vista ou parcelado, também com juros.
Não há placas de nomes dos importadores, apenas boxes divididos por números e ramo de atividade, como utilidades domésticas, brinquedos, papelaria, maquiagem, entre outros. É o Chefe do Benefício quem decide quem vende e o que vendem lá dentro.
Apesar de, no meio da tarde, muitas caixas já estarem abertas pelo vai e vem das pessoas, os produtos estão sendo repostos com frequência, diferentemente do primeiro endereço do Busca Busca, quando as prateleiras ficavam vazias antes do fim da tarde.
Também há funcionários disponíveis para atender aos clientes e tirar suas dúvidas. Os carrinhos ficam organizados já na entrada da escada rolante, de fácil acesso. Os banheiros são bem próximos aos boxes e bem limpos.
O Diário do Comércio visitou o novo espaço e conversou com Ye, que contou seus planos daqui para frente. Ele, que é visto facilmente pelos corredores do shopping, acompanhado de segurança particular, ficou tão conhecido que as pessoas o param para tirar fotos frequentemente. Gentilmente, ele atende a todo mundo, posa para as fotos e aperta as mãos dos clientes.
Apesar do grande volume de pessoas, o local é agradável, com corredores largos, ar condicionado, banheiros limpos, carrinhos de mercado e cestinhas para ajudar nas compras e uma loja do McDonald’s no shopping. Em breve, outros serviços de alimentação serão inaugurados.
“Montei um SAC para atender aos clientes que precisam de auxílio. O importador que não tiver um bom atendimento será convidado a sair do nosso espaço porque eu prezo pela qualidade no trato com os meus seguidores e consumidores. Apesar deles poderem vender diretamente para os clientes, estão debaixo da minha marca. Além disso, eles têm que oferecer o melhor preço”, garante Ye.
Em relação ao primeiro endereço, o atendimento ficou mais dinâmico, com a instalação de mais caixas, e não há filas do lado de fora devido à amplitude do complexo. “Ainda temos muita coisa para organizar, mas já está bem confortável e novos importadores ainda vão chegar.”
PLAZA POLO
Criado em 1992, o Shopping Plaza Polo acabou de ser reformado e ainda passa pelos retoques finais. Trata-se do primeiro shopping de atacado do Brás. Com a revitalização, o total de área construída está com 30 mil metros, capacidade para 400 lojas e 250 vagas para estacionamento de carros.
Foi um shopping criado para vender moda por atacado, apenas para lojistas com CNPJ. Com as mudanças do setor e do mercado varejista ao longo dos anos, o modelo de atacarejo foi implementado.
O térreo foi o primeiro andar a funcionar na nova versão e hoje são 170 lojas abertas, com apenas oito para locação, segundo Maria Amélia Espanha, gerente comercial do Shopping Plaza Polo.
“Criamos um shopping com conforto igual ao de um shopping de varejo tradicional, com corredores largos, banheiros em todos os andares e fica no coração do Brás”, diz Maria Amélia.
Na pandemia, muitos lojistas deixaram o shopping e a administração resolveu dar início à reforma e reestruturar a operação. O Plaza Polo já estava negociando com lojistas da região para voltarem quando o chefe do Busca Busca entrou na jogada.
“Já nos conhecemos de longa data, quando ele atuava exclusivamente com moda. E agora estamos negociando para o Busca Busca tomar todos os andares restantes.”
O complexo ainda terá uma praça de alimentação e um hotel com 120 quartos. “Nosso objetivo é atender à demanda de atacadistas que vêm de outras cidades para fazer compras e acabam dormindo na região”, diz Maria Amélia. O preço previsto da diária é de R$ 300.
O horário de funcionamento também é diferente do comércio da região. Vai abrir das 4h às 16h, justamente para atender melhor a quem chega de madrugada a São Paulo para fazer compras. No entanto, o Espaço Busca Busca funciona de segunda a sexta-feira das 7h às 17h e aos sábados, das 7h às 14h.
CONSUMIDORES
Dentre as pessoas que passaram pelo local se encontram não só aqueles que pretendem fazer um consumo pessoal, mas também diversos revendedores. É o caso da revendedora Josiane Guimarães, que tem uma loja de utensílios domésticos em Jundiaí, interior de São Paulo.
“Eu nunca paguei tão barato nos produtos para poder revender na minha cidade porque não tinha esse contato direto com um importador. Sempre comprei itens de revendedores ou representantes, o que encarece o valor final por causa dessas camadas de atravessadores”, explica a empresária.
No carrinho, ela carregava, entre os diversos itens, 20 caixas de um moderno modelo de garrafa térmica de vácuo com marcador de temperatura. Ela conta que viu o mesmo modelo na Shopee por R$ 75 com frete e pagou R$ 55 no Espaço do Chefe do Benefício.
Já o casal Clara Alves de Assis e Roberto de Assis, moradores da capital, foi conhecer o novo Busca Busca e fazer compras para a família. “Gostamos bastante dos itens de utensílios domésticos e aparelhos de beleza, como os secadores de cabelo. Mas também estamos levando brinquedos para os nossos filhos. Os preços valem muito a pena”, conta Clara.
O casal revelou que tentou ir ao primeiro endereço do Busca Busca em janeiro, mas a fila era muito demorada e desistiram. Conseguiram nesta semana, quando gastaram cerca de R$ 600 em compras.
Fonte: Diário do Comércio