Por Redação | A crise enfrentada pelo varejo pode até estar se aproximando do fim devido às quedas da Selic, mas engana-se quem pensa que só os acionistas das companhias foram prejudicados com o recuo acentuado dos papéis na Bolsa. De acordo com um levantamento obtido com exclusividade pelo Monitor Mercantil, as companhias deste setor reduziram em mais de 50% os bônus pagos aos seus executivos em 2023.
Em 2022, na média, o bônus dos empregados do varejo poderia chegar a até 3,91 vezes – ou seja, além do salário mensal, as empresas estavam dispostas a pagar até quase quatro salários adicionais a quem cumprisse as metas. Em 2023, esse múltiplo desabou para 1,86, queda de 52,43%.
“Esses múltiplos representam o plano da empresa, quanto as empresas estão dispostas a pagar de bônus. Ou seja, as empresas do varejo estavam dispostas a pagar essas quantias extras para seus colaboradores”, explica Ivan Cruz, cofundador da HRtech Mereo, responsável pelo levantamento.
Contudo, Cruz reforça que, devido à crise enfrentada pelo setor, além da redução dos potenciais bônus, é provável que esses “extras” não tenham sido pagos aos empregados. O estudo analisou 65 empresas de todos os setores, sendo que 35% delas estão listadas em Bolsa.
Mercado financeiro paga bônus de 8x
Enquanto o varejo apresentou esse recuo, os setores mais propensos para o pagamento de bonificações e recompensas aos colaboradores foram o mercado financeiro (7,98), seguros (5,67) e farmacêutico (4,86%). Na contramão, associações (1), cosméticos (1,01), agronegócio (1,04) e hospitais/clínicas (1,20) foram os segmentos que menos utilizaram dessa estratégia.
“Dizemos que os programas de bônus são igual CPF, cada empresa tem o seu. Por exemplo, no agronegócio, existem incentivos de produtividade, não bônus. Então, esse múltiplo do setor reflete o lado administrativo das empresas. Em setores mais agressivos, como o mercado financeiro, o comum é ter uma remuneração menor e bônus maiores”, reforça o executivo.
Presidentes e CEOs das companhias são os mais beneficiados pela política de bônus. De acordo com o estudo, além dos proventos mensais, eles receberam oito salários e meio “extras” – podendo chegar a até 15 gratificações. Em seguida, aparecem os vice-presidentes e diretores, com bônus de 4,81 salários na média, e os gestores e líderes de área, com 3,53 remunerações adicionais.
Fonte: Monitor Mercantil