Por Adriana Mattos | O presidente do Carrefour no Brasil, Stéphane Maquaire, disse nesta terça-feira, em teleconferência de resultados, que, apesar de fechamentos de 123 lojas ser algo difícil, era preciso tomar a decisão, na busca por virar o ano com uma companhia melhor preparada para 2024.
A companhia anunciou na segunda-feira, em seu balanço, esses encerramentos, e relatou que as baixas para essa redução já ocorreram na demonstração financeira de outubro a dezembro de 2023.
Das 123 lojas programadas para encerramentos até junho, 104 foram fechadas até janeiro. Estão sendo encerrados 107 supermercados (comprados do Big) e 16 hipermercados da rede.
As ações da empresa lideravam a segunda maior alta do Ibovespa na manhã de hoje. Aceleração no encerramento das lojas já em 2023 num ritmo visto como animador pelo mercado, assim como contribuição positiva das lojas compradas do Big para o valor do lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) foram dados positivos dos números do trimestre.
A empresa teve prejuízo de R$ 565 milhões no trimestre, versus lucro de R$ 426 milhões um ano antes, impactado pelo aumento de despesas com encerramentos e o “impairment” de marcas que não serão mais usadas e pertenciam ao Big.
Efeitos em 2024
Segundo a rede, os benefícios econômicos dos encerramentos passam a aparecer no balanço do primeiro trimestre de 2024.
Questionado se haverá efeitos de redução de margem na empresa nos próximos trimestres — por causa de promoções para liberar estoque das lojas fechadas — o vice-presidente de finanças, Eric Alencar, disse que o braço de varejo está em processo de transformação, e isso passa por revisão de sortimento e outras ações táticas, por isso, ainda é um processo em construção.
Alencar disse que, com certeza, os ganhos do encerramentos virão, mas empresa não deu projeção de margem. Disse, ainda, que parte da redução de preços “passou” pelo balanço do quarto trimestre.
A companhia ainda projeta que deve vender 40 das 123 lojas, e o diretor afirmou que o valor dos terrenos dessas unidades é de, pelo menos, R$ 400 milhões. Ainda informaram que 18 lojas que foram fechadas, mas que serão convertidas em outras bandeiras do grupo, terão investimentos de R$ 25 milhões a R$ 35 milhões.
Um dos analistas presentes da teleconferência ressaltou o investimento baixo, frente a média do mercado, e a empresa disse que isso ocorre porque está mais eficiente no uso de recursos, após ter ganhado mais conhecimento em conversões.
Sobre novos fechamentos de unidades, a companhia disse serão mais pontuais, e nada perto dessa magnitude.
Alencar disse que a “tempestade já passou” e o efeito dos fechamentos é não caixa, e ainda afirmou que a rede pode provisionar a diferença do que os terrenos podem valer.
Sem as 123 lojas, o Ebitda do braço de varejo seria de R$ 260 milhões no quarto trimestre, acima dos R$ 200 milhões reportados — um ano antes, o valor foi de R$ 360 milhões.
Fonte: Valor Econômico