Por Julia Storch | Na véspera do início do inverno no Hemisfério Norte, no dia 21, Londres ganhará a loja 100 da Farm, marca carioca que vive movimento de expansão global. O evento marca a abertura da primeira loja própria na Europa. “É um sonho realizado, poder estar em uma das principais capitais da moda no mundo, com as nossas cores e a nossa cultura brasileira”, celebra Kátia Barros, fundadora da marca.
A loja tem o design projetado para ser uma verdadeira experiência, que começa desde a porta de entrada de metal, que tem desenhos de tucanos, abacaxis e folhas. O seu interior tem painéis de marchetaria sustentáveis, feitos pelo artista Maqueson Pereira da Silva, uma técnica que usa diferentes madeiras para dar vida às ilustrações. Através deles, os visitantes embarcam em uma viagem pela diversidade da flora e fauna brasileiras, no Rio de Janeiro, Pantanal e Floresta Amazônica.
Os provadores também foram desenhados exclusivamente para o projeto, feitos em palha de Buriti, pela artista Alê Sisdelli. Conhecida como a “árvore da vida” para algumas comunidades indígenas, o Buriti é também o habitat natural de diversas espécies de pássaros e insetos.
A inauguração traz o lançamento da coleção de Outono-Inverno 23 da FARM Rio, “Warm Welcome”. A recepção calorosa vem em roupas quentes, levando cor para os dias frios, em modelagens originais e com a assinatura estampada da marca.
A inauguração será no dia 21 de dezembro na 86 King’s Road, Chelsea, com distribuição de cookies, flores e um jornal feito exclusivamente para a ocasião.
Estampas tropicais na Europa
A marca foi criada por Kátia Barros e Marcello Bastos. Sempre chamou a atenção lá fora, o que fez Bastos insistir na ideia de um voo internacional. A partir de 2018, Barros e um executivo da empresa, Fabio Barreto, hoje CEO da Farm Global, decidiram montar um plano estruturado, que demandou meses de pesquisa e ajuda de uma consultoria internacional.
“Algumas empresas acreditam que basta ter um produto bom aqui que irá funcionar fora do país. Não é assim. É outra cultura, outro mercado e outra visão de moda”, diz Barros. Uma das primeiras definições é que a marca teria de se posicionar em uma faixa de preço superior à praticada no Brasil. O tíquete médio no Brasil é de 390 reais, ante 1.250 lá fora. Assim, não precisou ir para a batalha com o fast fashion de nomes como Zara e H&M.
Depois a empresa precisou entender o que da identidade Farm poderia ser “traduzido”. Além de mudar shape, tecidos e aviamentos para de maior qualidade, foi preciso falar uma língua que criasse identidade. “O caju, que dá um quentinho no coração para nós aqui no Brasil, não diz nada para eles”, comenta ela.
Esta não é a primeira vez que a marca carioca desembarca na Europa. Na capital francesa, a Farm inaugura lojas temporárias desde 2020, incluindo no Le Bon Marché, loja de departamentos do grupo LVMH.
Após dois anos consecutivos, foi feito o convite para se estabelecer no local em um espaço de 260 metros quadrados, com produtos voltados ao inverno europeu e apresentação de artistas brasileiros.
Fonte: Exame