Por Maria Lucia D’Urso | As novas tecnologias, aliadas às necessidades de busca de canais diferentes de vendas durante a pandemia, aceleraram o processo de digitalização dos supermercados. Por isso, cada vez mais os consumidores recorrem às compras on-line de grandes varejistas, como Carrefour e Pão de Açúcar, ou de plataformas puramente digitais, como Shopper e Justo, para abastecer suas despensas. Segundo um estudo recente da SoluCX, 80% dos consumidores já fizeram algum tipo de compra de itens de mercado em canais digitais.
“A praticidade de receber em casa é o principal motivador dessa modalidade de venda. Nosso estudo detectou que esse fator é responsável por 43,1% das compras. Em seguida vem o custo benefício/preço, com 23,4% das respostas”, explica Tiago Serrano, CEO da SoluCX.
Os aplicativos de delivey, como iFood e Rappi, são o principal meio utilizado pelos consumidores para fazer compras de itens de supermercado on-line, representando mais de 54% das respostas, aponta o estudo. Em segundo lugar, aparecem os aplicativos de marketplace, como Magazine Luiza e Mercado Livre. E em terceiro e quarto lugares estão, respectivamente, sites ou aplicativos do próprio supermercado, com 12,8%, e aplicativos especializados no segmento como Cornershop, Shopper e Facily, com 4,5%.
Vale ressaltar que o canal de lojas físicas continua sendo o preferido dos consumidores, com 87,3%. A tendência, no entanto, é essa porcentagem diminuir, de acordo com executivos do mercado. “As compras on-line estão crescendo acentuadamente. Registramos no terceiro trimestre deste ano um aumento de 15% em nossas vendas, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Os canais digitais já detêm uma parcela de 12% no bolo do faturamento do Grupo Pão de Açúcar”, afirma Illan Israel, diretor de e-commerce do GPA.
Uma das estratégias do grupo, dono das marcas Pão de Açúcar e Extra e segundo colocado no ranking da Nielsen na venda de alimentos e bebidas em canais digitais, é aumentar as vendas dos perecíveis, que ganharam sete pontos percentuais na cesta de itens adquirida no site do supermercado. “Estamos realizando um esforço operacional grande para fidelizar os clientes de perecíveis, que respondem por um terço do total dos itens de compra. Para isso, o grupo possui um time treinado para separar e escolher perecíveis de qualidade em suas 500 lojas físicas.
Outra ação que contribuiu para o aumento das vendas no terceiro trimestre foi integrar os programas de fidelidade ao comércio eletrônico. O Cliente Mais, do Pão de Açúcar, tem descontos especiais nas compras online. Já os descontos para os portadores dos cartões Extra e Pão de Açúcar atingem a casa de 30%.
As vendas digitais do Grupo Carrefour estão aceleradas também e devem se aquecer ainda mais com as promoções de Natal. “Fechamos o terceiro trimestre deste ano com um aumento de 50% das vendas on-line, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse resultado deve-se aos nossos preços competitivos e ao sortimento de produtos disponível no nosso site”, resume Samuel James, chief digital officer do Grupo Carrefour Brasil.
No que tange ao tempo de entrega, as metas do Carrefour, que trabalha também com os parceiros iFood, Rappi, Uber e Mercado Livre, são arrojadas. “Nossa proposta é entregar alimentares em cerca de 15 minutos. Já estamos em negociação avançada com um parceiro para atingir esse tempo”, adianta James.
Uma das diretrizes do Grupo Carrefour, que reúne também as bandeiras Atacadão e Sam’s Club, é praticar, no on-line, os mesmos preços e promoções disponíveis nas lojas físicas. “Além disso, procuramos colocar nos canais digitais promoções exclusivas também”, enfatiza James.
O avanço das vendas é observado também nos supermercados on-line Shopper e Justo. Com um leque de 1 milhão de usuários, o Shopper vem dobrando de tamanho, desde 2020. “Esses números poderiam ser ainda mais grandiosos, mas optamos por crescer menos do que a maioria dos ‘players’ no curto prazo, para não deixar a qualidade cair e não quebrar a confiança do cliente”, afirma Fábio Rodas, fundador da empresa juntamente com Bruna Vaz.
“Nosso foco sempre foi em encantar os clientes, com um alto nível de serviço, preços entre 5% e 10% menores que a concorrência e entregas de mercadorias dentro da cozinha ou despensa dos clientes em 80% dos pedidos”, acrescenta Rodas.
Fundado no México, o Justo aterrissou no Brasil há apenas dois anos e contabiliza um aumento de 30% nas vendas no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior. “Nossa operação no Brasil cresceu, em apenas dois anos, 11 vezes”, orgulha-se André Braga, country manager da operação brasileira do Justo. Segundo ele, a proposta de valor do Justo apoia-se em produtos frescos e perecíveis, logística para a entrega com equipe dedicada, pedidos completos e preços competitivos.
Fonte: Valor Econômico