15/03/2015
“A palavra do ano é produtividade”. A afirmação é do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Severino Ramalho Neto, ao pontuar que será preciso muito trabalho por parte do setor varejista para que o comércio drible os efeitos da crise e continue crescendo em 2015. Segundo ele, é inevitável que as pessoas se afastem um pouco do setor se tiverem suas rendas comprometidas, mas é totalmente possível reduzir o impacto disso, para que o varejo feche o ano no azul.
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“É obvio que o varejo cearense não vai crescer como no ano passado, quando avançou 5,6% – mais que o dobro do País (2,2%) -, porém acredito que o setor não vá estagnar”, afirma o presidente da CDL de Fortaleza. Conforme diz, será preciso produzir mais com menos custo, aumentando a produtividade, já que o repasse de custos está bastante limitado. “O consumidor não aguenta mais custos. Precisamos de preços competitivos para obtermos um bom resultado em 2015 e os lojistas entendem isso”, complementa.
Iniciativas
De acordo com Severino Neto, ações como o Fortaleza Liquida – ação promocional promovida tradicionalmente pela CDL em março -, que começou no último dia 7 e oferece descontos em mais de 4 mil lojas da Capital cearense, são a prova de que é possível obter bons resultados em 2015, mesmo com a economia difícil.
“Ainda não tenho os número do evento, mas o sucesso é total. Conseguimos movimentar um período tradicionalmente fraco, que é o mês de março, e ainda elevar a confiança do consumidores, que estava em baixa”, ressalta o dirigente.
As vantagens do dólar alto
Com o dólar superando o patamar de R$ 3,20, os varejistas que lidam com produtos importados terão alguns problemas de custos, mas, para Severino Neto, há um lado positivo na valorização da moeda americana: o crescimento do consumo no mercado interno. “O brasileiro, de uma forma geral, não viaja para fazer turismo, mas para gastar. Com o dólar alto, porém, o que seria gasto lá fora acabará ficando por aqui, já que muitos produtos do exterior estão deixando de ser vantajosos financeiramente. Temos que trabalhar nessas oportunidades”, argumenta.
Ainda segundo Severino, como Fortaleza é uma referência turística, muitos visitantes, nacionais e internacionais, tendem a desembarcar na Cidade em 2015, já que está ficando caro ir para o exterior. Assim, o varejo também pode se beneficiar com o incremento desses visitantes, tendo em vista que muitos chegam dispostos a consumir.
Supermercados
Sobre a expectativa para o desempenho dos supermercados cearenses em 2015, Severino Neto, que é ex-presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu) e sócio-proprietário da rede Mercadinhos São Luiz, ressalta que é difícil prever como será o desempenho do setor, mas que é possível continuar em uma crescente. “Uma pessoa que consome arroz não vai deixar de comprá-lo, mas talvez abra mão de um outro produto para mantê-lo na feira. Mas ela também pode deixar de gastar de outra forma e manter toda a cesta. Fica difícil dizer o que vai acontecer”, comenta.
O dirigente finaliza afirmando que o maior prejudicado com atual momento da economia é o consumidor de baixa renda, que também é o maior mercado do Ceará. Para ele, “é importante focar nesse público” para minimizar os efeitos da crise.
Com expansão de até 136%, pet shops miram salto maior
Considerados verdadeiros filhos por muitas pessoas, os bichos de estimação costumam gozar de vários mimos. Isso porque, além de não economizarem nos cuidados com alimentação, saúde e higiene, diversos donos não medem esforços para adquirir um novo acessório ou brinquedos para seu animal, o que movimenta todo um mercado em Fortaleza. Para se ter uma ideia, há pet shops da Capital que viram seu faturamento avançar 136%, no ano passado, e projetam superar este crescimento em 2015, mesmo com um cenário econômico desfavorável em todo o País.
É o caso da Animale Pet Shop, que possui três lojas na Capital cearense, sendo duas na Avenida Washington Soares e uma na Rua Desembargador Lauro Nogueira (Papicu). De acordo com a proprietária Gabriela Gomes, o movimento continua bom neste ano e as expectativas são “as melhores possíveis” para 2015.
“Conseguimos mais que dobrar nosso faturamento no ano passado, na comparação com 2013, e estou otimista para este ano. As pessoas procuram bastante nossas lojas, principalmente no que diz respeito à parte veterinária e o serviço de banho e tosa”, comenta Gabriela. “Muitos casais novos que ainda não têm condição financeira de ter filhos optam por um bichinho de estimação, assim como aposentados que já viram seus filhos saírem de casa”, complementa.
Procura sempre grande
Ainda de acordo com a proprietária da Animale Pet Shop, a procura por filhotes também é bastante elevada ao longo do ano inteiro. “Neste mês deu uma certa baixa por conta da crise, dos aumentos que tivemos neste início do ano, mas é um mercado que sempre tem demanda. Todo mundo que nos visita quer ter um bichinho de estimação”, conta Gabriela. “Às vezes, os pais trazem as crianças que olham os filhotes e ficam apaixonadas. Muitas vezes elas pedem e os pais acabam cedendo, pois veem a felicidade dos pequenos”, diz.
É preciso afinidade
Apesar de ter capacidade para ser um mercado promissor em 2015, os pet shops, como qualquer negócio, precisam ser bem geridos para darem certo. Segundo Bayard Borges Filho, proprietário do Alfhaville Dog, localizado na Avenida Padre Antônio Tomás, algumas lojas de Fortaleza fecharam no negativo de 2014 para 2015, por conta de má gestão. “Muitos acham que é um bom negócios e que basta montar para dar certo, mas não é bem assim. Tem que ter afinidade, ainda mais diante das incertezas deste ano”, comenta Bayard.
Segundo ele, o Alfhaville Dog teve um crescimento de aproximadamente 10% no ano passado, o que poderia ser ainda melhor se não fosse o momento ruim da economia: “Tenho uma loja 24 horas projetada, mas não vou colocá-la agora. Quero ver como a economia se comporta”.
Cenário atual não afeta cosméticos
Apesar de muitos economistas apontarem para uma queda da renda média do brasileiro neste ano, impactando diretamente o consumo, o mercado de cosméticos não deve ser afetado, pelo menos é o que diz Fernando Leal, CEO da Glambox, empresa que tem em seu portfólio de marcas parceiras mais de 200 nomes inerentes a maquiagens, esmaltes, xampus, cremes e diversos outros produtos. Segundo ele, “o mercado de beleza não é considerado um consumo supérfluo pela maioria das mulheres”.
“A mulher deixa de comprar roupas, mas se permite comprar produtos de beleza para compensar. A brasileira tem culturalmente um estilo muito sensual, fomentado também pelo ambiente tropical de alta exposição física constante”, diz Fernando. “Somos o terceiro maior mercado consumidor de cosméticos do mundo e a estimativa é que cresçamos 15%, ao ano, até 2017”.
Marcas de olho
Ainda de acordo com o CEO da Glambox, a maioria das grandes marcas de luxo já percebe o Brasil como um mercado global chave. Conforme diz, em um mercado cada vez mais disputado por um lado e com clientes mais informados e exigentes do outro, só a variável preço deixa de ser suficiente para o sucesso da venda, perante a concorrência.
“Criar um relacionamento de confiança em longo prazo, fornecendo mais do que produtos, e sim uma experiência relevante, com informação, soluções, dicas, tutoriais e produtos, gera melhores níveis de fidelização com as mulheres, que passam a aceitar a comunicação de forma positiva, sabendo que vem de uma empresa que faz um real esforço em trazer soluções praticas para suas demandas”, pontua Fernando Leal. Ele lembra, ainda, que o consumo de cosméticos via clube online assinatura é outro nicho em ascensão.
Áquila Leite
Diário do Nordeste on-line – CE