Por Manuela Tecchio | Uma das primeiras varejistas a implementar o e-commerce no país, com site próprio desde 1998, a rede de farmácias Panvel segue ampliando a participação do digital em suas vendas. No terceiro trimestre, chegou ao patamar de 20,7% da receita bruta, acima dos 16,1% de um ano antes. A fatia representa um volume de R$ 228,4 milhões, 43% maior que o de igual período do ano passado.
Dessa vez, o avanço contou com o empurrão de um novo serviço de entrega expressa, o Turbo, que foi lançado em setembro e promete que os produtos cheguem ao consumidor em até 30 minutos. A inspiração veio após a empresa observar a alta demanda em marketplaces parceiros, como iFood e Rappi.
Caso o cliente selecione a opção Turbo no app da Panvel, a empresa cobra um valor fixo de entrega de R$ 12,90, e o produto é enviado via Uber. Por enquanto, só tem funcionado em uma lista de bairros de Porto Alegre e, em fase piloto, também em Curitiba.
“Quando a gente lançou esse projeto, havia dúvidas sobre a aderência, mas se confirmou que a demanda é gigante. No fim, é o cliente que escolhe onde e como quer comprar”, conta avalia Antonio Napp, CFO da Panvel. Segundo a empresa, ainda não há uma previsão para o serviço chegar a outras praças.
Como o carro-chefe das farmácias é um produto que costuma ser urgente — o remédio —, o setor tem buscado acelerar os canais digitais. A Raia Drogasil, por exemplo, recentemente investiu em campanhas para divulgar sua entrega “turbo”, de até 1h, por exemplo, e as vendas no digital giram em torno de 15% do total. No grupo da Pague Menos e Extrafarma, ficou em 11% no segundo trimestre, balanço mais recente disponível. A Panvel já contava com o serviço de entrega em até 1h e percebeu que reduzir em 30 minutos o tempo de espera foi fundamental para o salto na demanda.
No balanço divulgado há pouco, o grupo Panvel registrou receita acumulada de R$ 3,5 bilhões nos nove primeiros meses do ano — alta de 12% na comparação anual. A receita no terceiro trimestre foi de R$ 1,2 bilhão, e o Ebitda ajustado, de R$ 56,6 milhões, 16,8% maior do que no mesmo período de 2022, com margem de 4,7%. O lucro líquido foi de R$ 27,1 milhões, alta de 15,1%.
Em entrevista ao Pipeline, o CFO explica que o resultado foi positivo dadas as dificuldades de operação em meio à situação delicada da região Sul do país — onde a Panvel foi fundada e tem maior atuação — durante as chuvas e desastres naturais. Além de retirar o cliente de circulação e atrapalhar o varejo físico, o estado de calamidade afetou o poder aquisitivo dos consumidores.
A rede gaúcha conseguiu conquistar mais market share no Sul pelo 14º período seguido, chegando a mais de 12% do mercado. Ainda assim, o plano é concentrar a expansão nos três estados da região. No Paraná e em Santa Catarina, onde a fatia é de cerca de 6%, ainda há espaço para crescer. Isso não significa estagnar na capital paulista: outras cinco ou seis lojas devem ser inauguradas na cidade em 2024. A partir de 2025, a expansão pelo interior de São Paulo e na região Centro-Oeste pode ser considerada.
Um grande trunfo da operação segue sendo a marca própria, que representa 7% do total das vendas no varejo. Só no terceiro trimestre, o private label faturou sozinho mais de R$ 77 milhões. Embora concorrentes como Raia Drogasil faturem na casa de R$ 1 bilhão anual com a estratégia, em termos proporcionais a gaúcha detém a maior penetração e pretende seguir explorando novas categorias.
Fonte: Pipeline Valor