Por Isabela Rovaroto | Não é novidade que a estratégia de crescimento da Shein no Brasil está ligada ao desenvolvimento da operação local. Com 45 milhões de clientes no país, o e-commerce asiático quer que 85% de suas vendas sejam de produtos nacionais até 2026, deixando para trás a dependência da venda de produtos importados e do vai e vem da tributação.
Na produção local, a marca já anunciou a parceria com 330 fábricas em 12 estados, das quais 213 já estão produzindo. A meta é chegar em 2.000 parceiros em três anos. Até o momento, mais de quatro mil modelos de roupas foram fabricados no país, mas a representatividade no total de vendas não é divulgado.
Outra frente de atuação anunciada em abril, com o investimento de R$ 750 milhões, foi a criação do marketplace, o primeiro da marca no mundo.
A Shein divulgou nesta segunda-feira, 6, que a plataforma de vendas já representa quase 50% das vendas no Brasil e conta com mais de 10.000 lojistas cadastrados.
“Queremos apoiar empreendedores de todo Brasil e ajudá-los a se tornarem marcas de moda reconhecidas, o que é um diferencial da empresa”, diz Raul Jacob, diretor de marketplace da Shein.
A estratégia de crescimento do marketplace da Shein
Liderado pelo engenheiro mecatrônico Raul Jacob, a equipe de marketplace da Shein conta com mais de 100 funcionários e é um dos maiores times do escritório no Brasil.
Para atrair os primeiros lojistas para o marketplace, a Shein apostou na digitalização de atacadistas de moda do Brás, bairro conhecido pela forte atuação no mercado têxtil.
“A Shein tem uma equipe de campo de trabalha na captação, treinamento e desenvolvimento de marcas para atacadistas que possuem volume de peças e preços competitivos”, explica Jacob.
O diretor diz que o principal diferencial da plataforma é a escolha do vendedores. Ele destaque o número de itens anunciados na plataforma e capacidade de estoque. “Somos seletivos e entregamos grande alcance para os lojistas que atendem os nossos critérios”.
O processo de expansão foi feito de forma gradual. Na primeira etapa, a captação de vendedores foi presencial e focada em São Paulo. O próximo estado será o Rio de Janeiro.
A cadeia logística depende da quantidade de produtos ofertados pelo vendedor. É possível que a mercadoria seja depositada em um ponto de coleta ou seja recolhida por um parceiro logístico. Todos os pedidos são encaminhados para os centros de distribuição da Shein e depois enviados aos clientes.
Hoje, o site da Shein já conta com um destaque para os vendedores que querem entrar para o marketplace da marca.
Lojas de Moda no marketplace
Para acelerar o crescimento dos vendedores na plataforma, a Shein criou a categoria Lojas de Moda, na qual os vendedores vão receber uma consultoria da marca e vão conseguir reunir todos os produtos em um único lugar, conquistando mais visibilidade como uma marca de moda na plataforma.
A categoria é a grande aposta da marca no marketplace. A expectativa é de que as Lojas de Moda representem 50% das vendas totais de vestuário do marketplace em 2024.
“Sabemos que muitos dos pequenos empreendedores não têm capital para investir na profissionalização do negócio. Com as Lojas de Moda, vamos apoiá-los com as ferramentas necessárias para fazer com que sejam reconhecidos como grandes marcas de moda”, diz o diretor.
A iniciativa já conta com lojas de moda divididas em oito categorias:
- esporte
- casual
- férias
- elegante
- festa
- casamento
- sexy
- anos 2000
Hoje, algumas marcas já estão atuando como Lojas de Moda. É o caso da Lunii, marca criada em 2022, e que produz cerca de 20 mil peças por mês.
De acordo com o gerente de marketing Fagner Cavalcante,
negócio começou com clientes no atacado d migrou para o marketplace da Shein neste ano. Ao entrar na plataforma, a marca de roupas femininas viu seu faturamento mensal se aproximar de R$ 1 milhão pela primeira vez.
Para os consumidores, a nova categoria aparece em destaque na página do marketplace da Shein e promete produtos personalizados.
“Com as categorias oferecidas pelas Lojas de Moda, os consumidores têm acesso a um catálogo de itens fashion mais amplo e ainda mais personalizados, que se adequem ao seu próprio estilo e personalidade”, diz o diretor.
Fonte: Exame