Por Alexa Meirelles | Daisy Vieira Alves, de 34 anos, é a proprietária da D Doces. A empresa foi criada em 2019 em Heliópolis, quando ela passou a fazer cones trufados em casa e vender por necessidade financeira. No começo, o WhatsApp e o Facebook eram seus canais de venda.
Abri uma lojinha lá na comunidade. [Éramos] eu e minha irmã no atendimento. O nosso primeiro ano, 2019, foi muito difícil. Procurei ajuda do Sebrae, que naquele momento era um meio gratuito. Fui buscando, fiz alguns cursos e no nosso segundo ano de negócio, eu já estava com 12 funcionários. Faturamos R$ 1 milhão. – Daisy Vieira Alves, empreendedora e proprietária da D Doces
No formato “take away”, o delivery foi o principal impulsionador do negócio — até porque ele nasceu com a pandemia da covid-19. Além de estar presente nas principais plataformas, ela contratou motoboys e lançou a sua própria plataforma de delivery. Hoje, quatro anos depois, Daisy emprega 15 pessoas e prevê um faturamento de R$ 3 milhões para 2023.
A loja física precisou sair de Heliópolis recentemente por uma questão prática: faltou espaço. Ainda assim, o novo espaço fica na Vila Carioca, bem perto da comunidade. Mas ela ainda quer uma unidade do seu negócio dentro de Heliópolis, já que a maioria dos seus clientes estão ali.
Nos mudamos forçados, por espaço. [A loja] Cresceu, não encontramos nenhum local que nos acomodasse. (…) A nossa previsão [de voltar] é para o ano que vem. Na semana passada entrei em contato com algumas lojas para colocar um carrinho [com os doces] dentro dessas lojas para vender. Nosso público lá dentro é bem grande. – Daisy Vieira Alves, empreendedora e proprietária da D Doces
A digitalização das comunidades
As favelas brasileiras já passam há muito tempo por um processo de digitalização. Até porque as grandes empresas olham para as comunidades como locais de oportunidade — afinal, tem muita gente ali.
O delivery é só um exemplo das muitas plataformas utilizadas por esta população. Outros apps que geram movimentação financeira também são bem populares, como os de compras/lojas, streamings, transportes e até apostas.
Os negócios das favelas já vendem pela internet há muito tempo. “São pelas redes sociais como WhatsApp, Facebook, Instagram e também pelos próprios sites, fazendo entregas delivery e tudo mais. Mais uma vez, é uma digitalização, uma busca de oportunidade. Para o empreendedor expandir o seu negócio, ele está conectado, ele está tecnológico”, diz Emília.
O maior entrave para essas pessoas ainda é o contato com a indústria. Os insumos são comprados no atacarejo e os valores mais altos precisam ser repassados para o consumidor final. “[Os empreendimentos] Teriam mais fluxo de caixa se tivessem contato. Vejo esse empreendedor muito ligeiro, muito avançado, mas precisando ainda desse apoio para crescer o próprio business”, diz.
Fonte: UOL