12/03/2015
Varejistas de móveis e eletroeletrônicos focam controle das despesas para continuar a crescer
O varejo brasileiro de móveis e eletroeletrônicos fechou o ano de 2014 com um crescimento de 7,2% na receita nominal, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi puxado pelos móveis, com alta de 7,8%, uma vez que as vendas de eletros subiram 6,9%, índice pouco superior à inflação do período, de 6,41%.
As empresas do setor com capital aberto, porém, tiveram um desempenho bastante superior, apontando caminhos para 2015, um ano no qual as expectativas são mais fracas, em virtude do desaquecimento da economia e das restrições à concessão de crédito. Esses caminhos passam, principalmente, pela racionalização dos investimentos e pelo controle das despesas.
O Magazine Luiza, por exemplo, fechou 2014 com um aumento de 20,9% em sua receita líquida, para R$ 9,8 bilhões. Considerando apenas lojas abertas há mais de 12 meses, a expansão foi de 17,8%, uma vez que a abertura de novos pontos de venda ficou em segundo plano no ano passado. O resultado foi obtido mesmo com um quarto trimestre bem abaixo da média: expansão de 12% nas vendas líquidas, para R$ 2,8 bilhões, e alta de 9,4% em mesmas lojas. O Magazine Luiza ainda destacou que suas vendas on-line subiram 20,5% no trimestre, enquanto nos PDVs físicos a alta foi de 7,5%.
A empresa disse que nos últimos anos implementou rigorosos controles de custos e despesas e lançou campanhas internas para fazer mais com menos. Uma dessas iniciativas é o programa Juntos somos mais lojas, que tem o objetivo de aumentar a produtividade e a rentabilidade das lojas físicas por meio da racionalização e da otimização dos recursos.
Com isso, o resultado da empresa subiu muito acima das vendas: alta de 47% no Ebitda ajustado (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), para R$ 605,3 milhões, o equivalente a 6,2% das vendas. A grande diferença entre o crescimento das vendas e dos lucros decorreu do foco da empresa no controle das despesas: no quarto trimestre, as despesas com vendas e administrativas subiram 8,9%, enquanto as receitas avançaram 12%.
A operação financeira Luizacred também contribuiu para o aumento dos resultados, gerando R$ 90,4 milhões em lucros, o equivalente a 14,9% do Ebitda da companhia. Em sua apresentação de resultados aos acionistas, a varejista disse que o faturamento do Cartão Luiza dentro das lojas da rede subiu de R$ 1,78 bilhão para R$ 2,1 bilhões no ano, o que, ao lado da redução da participação do Crédito Direto ao Consumidor nas vendas da rede (de R$ 419 milhões para R$ 299 milhões), ampliou os resultados e diminuiu a inadimplência (uma vez que os clientes CDC têm um perfil de risco maior).
A melhoria dos indicadores operacionais foi acompanhada de investimentos na reforma de 60 lojas e da inauguração de 24 unidades, a maior parte na região Nordeste. A empresa fechou o ano com 756 lojas, sendo 111 delas virtuais (sem estoques, com entrega dos produtos na casa dos clientes). Quase 41% das lojas encontram-se ainda em estágio de maturação, o que indica possibilidades de crescimento sólido para a rede nos próximos anos.
Eficiência com expansão
Na Via Varejo, maior varejista de móveis e eletros do País, 2014 foi um ano de controle de custos e aumento de eficiência operacional, mas sem deixar de lado a expansão da rede: foram inauguradas 88 lojas, um recorde para a empresa, que fechou o ano com 1037 pontos de venda em operação. Assim como o Magazine Luiza, a varejista avançou sobre o Nordeste, mas também ampliou sua presença em cidades relevantes do Centro-Oeste. As duas regiões responderam por 36 novas unidades, ou 41% do total do ano.
Para a empresa, 2014 foi um período de consolidação de um novo patamar de eficiência operacional e da criação de alicerces para o crescimento nos próximos anos. A Via Varejo implementou um programa de melhoria contínua de eficiência e apostou na geração de caixa, reforçando a disciplina financeira e a gestão do capital de giro. Com isso, o Ebitda da empresa subiu 29,4% na comparação anual, para R$ 2,31 bilhões., enquanto o resultado líquido subiu 34,1%, para R$ 964 milhões.
Se os resultados foram bastante positivos, por outro lado a Via Varejo cresceu pouco: o faturamento da empresa foi de R$ 22,7 bilhões, 4,2% mais que no ano anterior. Considerando apenas lojas abertas há mais de 12 meses, a expansão foi de 3%. O crescimento total foi prejudicado pela venda de 40 lojas, como parte do acordo de fusão Pontofrio / Casas Bahia, mas, ainda assim, o desempenho ficou abaixo da média do próprio setor e, excluindo a inflação, consiste em queda nas receitas.
Ano de acelerar
Para 2015, o foco das duas empresas está na rentabilidade das operações, na racionalização e na diluição de custos e despesas. Ainda assim, estão previstos investimentos consideráveis: o Magazine Luiza, por exemplo, pretende abrir 50 lojas ao longo do ano, sendo metade na região Nordeste, o que demandará R$ 150 milhões. Já a Via Varejo afirma apenas que acelerará sua expansão no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, considerados regiões estratégicas para a companhia. A empresa reforçará seu mix de móveis e smartphones, inclusive com a remodelação de pontos de venda para oferecer uma melhor experiência de compra aos clientes.
Neste ano que promete ser de crescimento baixo, as principais varejistas de móveis e eletroeletrônicos do País seguem a mesma receita: foco no controle dos custos e na eficiência das operações para enfrentar as turbulências do mercado.
Revista No Varejo on-line – SP