Por Paulo Gratão | A posição de e-commerce mais acessado do Brasil é dominada há anos pelo Mercado Livre. Entre setembro de 2022 e setembro de 2023, o marketplace teve uma média de 286,4 milhões de acessos por mês, segundo dados coletados pela Semrush, plataforma especializada em visibilidade online com sede em Boston, nos Estados Unidos.
Porém, os inúmeros investimentos anunciados pela Amazon no país no último ano parecem ter surtido efeito: a empresa fundada por Jeff Bezos teve um crescimento de 30,7% nos acessos no período, totalizando uma média mensal de 260,4 milhões de visitas. A OLX aparece em terceiro, com 134 milhões de acessos. O recorte Brasil da pesquisa foi obtido com exclusividade por PEGN (veja o ranking completo abaixo).
Black Friday
De acordo com Erich Casagrande, líder de marketing da Semrush no Brasil, a Amazon tem feito a lição de casa para conseguir galgar espaço no mercado latino-americano. “A razão que podemos observar é o altíssimo investimento e a capilaridade cada vez maior em processos de marca, de marketing, de contato e de integração de produtos. A Amazon tem uma capacidade de colocar muitos produtos associados ao [pacote] Prime”, diz Casagrande. “Isso é uma estratégia de marketing e de posicionamento”, diz.
Ao longo do ano, a Amazon anunciou ampliação de centros logísticos no Brasil e recursos para agilizar a entrega e aumentar o índice de sellers em seu marketplace. Um dos anúncios mais recentes foi a expansão de uma parceria com a Azul para acelerar as entregas. O Mercado Livre, principal concorrente, tem parceria com a Gol.
Uma das vantagens da capilaridade, mencionada por Casagrande, é a possibilidade de praticar preços mais competitivos, sobretudo em livros, categoria na qual alguns dos principais concorrentes enfrentam problemas no varejo físico atualmente.
“A experiência que o usuário tem é um ponto chave para esse crescimento. Você tem que entregar produto de qualidade, tem que entregar preço, uma boa estrutura de site, de negócios. No entanto, em um cenário em que preço é mais difícil de se brigar, é preciso entregar uma boa experiência para seu usuário”, diz Casagrande.
O executivo menciona alguns exemplos de experiências que costumam ser consideradas pelo consumidor ao visitar um e-commerce, além do preço:
- Velocidade de carregamento e boa navegação;
- Informações sobre o produto, como fotos e vídeos, além da descrição;
- Informações sobre a entrega, política de devolução, entre outras, na página do produto;
- Uma boa experiência de pagamento.
Fabricantes também tiveram uma boa performance no ranking dos e-commerces mais acessados do Brasil. A Apple, por exemplo, cresceu 26,7%. De acordo com Casagrande, isso pode ser o reflexo de um aumento no reconhecimento da marca no Brasil, incluindo divulgações de lançamentos na mídia e até a presença física de Apple Store e outros pontos de venda dedicados à marca no país.
Sites internacionais como Shopee, Shein, ebay e AliExpress também figuram entre os e-commerces mais acessados do Brasil, mas com pouca variação em relação ao ano passado.
De acordo com informações da Semrush, 55,41% dos acessos aos e-commerces no Brasil são feitos por meio de tráfego direto, ou seja, o cliente entra diretamente no site de preferência, sem o auxílio de buscadores. A busca (24,17%) vem em segundo lugar, seguida pelo link de referência (12,08%).
E-commerces mais acessados no Brasil
Posição no ranking | E-commerce | Média de visitas mensais (set 2022 x set 2023) | Variação (set 2022 x set 2023) |
1 | mercadolivre.com.br | 286.463.263 | 3,5% |
2 | amazon.com.br | 260.717.208 | 30,7% |
3 | olx.com.br | 134.249.497 | 16,0% |
4 | aliexpress.com | 125.744.134 | 5,6% |
5 | magazineluiza.com.br | 107.305.299 | 18,0% |
6 | shopee.com.br | 85.111.895 | -13,7% |
7 | americanas.com.br | 47.177.455 | -46,4% |
8 | casasbahia.com.br | 43.086.149 | -14,7% |
9 | kabum.com.br | 37.448.269 | -0,9% |
10 | samsung.com | 33.109.130 | 14,4% |
11 | netshoes.com.br | 28.659.623 | -8,9% |
12 | shein.com | 26.433.318 | 6,3% |
13 | apple.com | 23.759.070 | 26,7% |
14 | ifood.com.br | 22.016.579 | 19,3% |
15 | carrefour.com.br | 14.807.063 | 13,5% |
16 | centauro.com.br | 13.847.269 | -22,7% |
17 | boticario.com.br | 14.001.404 | 18,1% |
18 | pontofrio.com.br | 11.059.297 | -12,0% |
19 | ebay.com | 9.938.313 | 4,0% |
20 | submarino.com.br | 5.843.663 | -71,0% |
Sites da Americanas caíram no ranking
O levantamento também trouxe as marcas que tiveram as quedas mais significativas no período analisado. Submarino (-71%) e Americanas.com (-46,4%) lideram. As duas fazem parte do mesmo grupo, Americanas, que desde janeiro está envolvido em escândalos de rombos financeiros.
Em certa medida, o arranhão na imagem pode ter prejudicado o desempenho das empresas. Na análise mês a mês, disponibilizada pela SemRush, ambas tiveram fortes quedas nos acessos desde o estouro da notícia, no início do ano. Comparando apenas o mês setembro, por exemplo, a Americanas recebeu 43,6 milhões de visitas em 2023, contra 81,4 milhões no ano passado. Já o Submarino passou de 14,9 milhões (setembro de 2022) para 4,3 milhões neste ano.
Temu já preocupa Shein globalmente
O levantamento da Semrush também analisou outros mercados. Nos Estados Unidos e em outros países, a Temu, marketplace do grupo chinês Pinduoduo, já está dando dores de cabeça à Shein.
Somente no último mês de agosto, o site da marca novata recebeu mais de 108 milhões de acessos nos EUA, 458,8% a mais do que a Shein, que teve cerca de 19 milhões de visitas no país no mesmo período, de acordo com a pesquisa.
Ainda segundo a Semrush, em agosto, o site da Temu foi visitado mais de 221 mil vezes no Brasil, mesmo sem atuar por aqui. Isso, de acordo com a consultoria, já mostra uma curiosidade do consumidor brasileiro em relação à marca chinesa. A Shein, por sua vez, teve cerca de 12,8 milhões de acessos em agosto, número 64.3% maior do que o mesmo período de 2022.
Fonte: PEGN