Por Fernanda Brigatti e Diego Felix | A NielsenIQ, empresa de dados que dá suporte à Abras (Associação Brasileira de Supermercados) no monitoramento do setor, rebate a informação de que seus relatórios sobre market share estariam com 60% de subnotificação sobre o faturamento do varejo alimentar.
De acordo com a companhia, as informações de uma de suas rivais no mercado, a Scanntech, estão erradas e mostram “descompromisso com a realidade”.
Como mostrou o Painel S.A., a Scanntech afirma que o varejo supermercadista faturaria R$ 1,1 trilhão por ano e não R$ 696 bilhões como apontado no anuário da Abras para 2022.
A empresa diz ter chegado a essa conclusão após identificar que em sua base de dados, apurada diretamente dos sistemas de clientes como Carrefour e Pão de Açúcar, o faturamento ultrapassava os R$ 680 bilhões. O valor corresponde a 98% do mercado reportado oficialmente pela NielsenIQ —algo considerado impossível pela própria Scanntech.
A NielsenIQ afirma que o faturamento do varejo brasileiro é de R$ 1,3 trilhão, valor superior ao R$ 1,1 trilhão estimado pela Scanntech.
Na conta do R$ 1,3 trilhão estão considerados os setores supermercadistas e de atacarejo, de farmácias e perfumaria, bares, restaurantes, casas noturnas, eletro e ecommerce.
Desse total, a NielsenIQ reafirma que o faturamento de supermercados, hipermercados e atacarejos é de aproximadamente R$ 696 bilhões, como divulgado pela Abras. “A inexperiência em relação ao mercado e realidade do Brasil podem gerar conclusões equivocadas”, diz a NielsenIQ, em nota.
“A Abras é uma associação renomada com 57 anos de história e amplamente reconhecida como referência em sua área de atuação, que engloba supermercados acima de dois checkouts, hipermercados e atacarejos”.
A NielsenIQ também diz manter um time de pesquisadores para apurar informações com cada um dos estabelecimentos que vendem produtos de bem de consumo e que classifica mais de 1,2 milhão de varejistas com segurança. Em 2023, a partir de uma parceira entre Abras e Sebrae, a consultoria também vai incluir em seu monitoramento supermercadistas menores, de um checkout (caixa de supermercado).
Procurada, a Scanntech manteve sua estimativa inicial e afirmou que valoriza a precisão em seus relatórios e análises. Disse também que recebe tickets automaticamente de mais de 40 mil pontos de venda, sem manipulação humana.
“Nossa estimativa de R$ 1,1 trilhão refere-se exclusivamente ao mercado alimentar, sem considerar outros setores como farmácias, bares, restaurantes, entre outros. Respeitamos as análises de outras empresas e nosso compromisso principal é com a credibilidade e a transparência dos dados que fornecemos a tantos supermercadistas e indústrias”, diz a Scanntech.
Fonte: Folha de S. Paulo