05/03/2015 12:38
Por Adriana Mattos
SÃO PAULO (Atualizada às 13h26) A empresária Luiza Helena
Trajano, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo
(IDV), disse, nesta quintafeira, que sua preocupação está mais com a
situação política do país do que com o atual quadro econômico.
“O IDV está junto e quer ajudar, mas o momento político é
preocupante. Me preocupa mais a situação política do que a
econômica. Temos que remar juntos na mesma direção para
passarmos por isso. Mas já estamos acostumados, já passamos por
outros momentos difíceis e saímos”, disse durante evento em São Paulo.
Questionada sobre riscos da crise política e se isso poderia travar o país, ela afirmou que “o sistema político
depende do Congresso e pode travar”, mas disse acreditar no bom senso dos políticos. Sobre a decisão do governo
de reduzir a desoneração da folha de pagamentos, anunciada na semana passada, ela criticou o aumento da carga
tributária do setor num momento crítico para o varejo, mas disse entender que o setor tem que dar a sua
contribuição no processo de ajustes nas contas do país. “É uma balança, tem que ajudar, mas ao mesmo tempo
isso nos afeta.”
Questionada se o assunto das desonerações foi mencionado pelo governo na última reunião do setor com o
Ministério da Fazenda, ela disse que não. “Não tenho que julgar se ele [Joaquim Levy, ministro da Fazenda] faz
certo ou não.”
Luiza disse que o setor não está demitindo e não fez relação entre aumento de tributação e expectativa de cortes no
comércio.
Mudança na desoneração
A queda na desoneração na folha de pagamentos, anunciada pelo governo na semana passada, foi um golpe
duríssimo para o varejo e provocou preocupação em relação à sinalização dada pelo governo ao setor, disse
Flávio Rocha, vicepresidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).
“Ajuste fiscal tem que ser feito com redução de gastos, com diminuição da maquina pública, que deve otimizar a
eficiência, e não por aumento da carga tributária em cima dos formais. Isso só beneficia a informalidade”, disse
ele, durante evento em São Paulo. “Quem comemora é a informalidade. A performance do PIB e do varejo deve ser
sofrível [em 2015]”, disse ele.
No comando do grupo Guararapes e da rede de lojas Riachuelo, Rocha disse, com base numa simulação, que os
custos de tributação da empresa em 12 meses subirá R$ 60 milhões com a redução na desoneração da folha de
pagamentos.
Valor Econômico on-line – SP